Congresso internacional na Madeira reflete sobre história do cristianismo local e universal

Iniciativa associa-se às celebrações dos 500 anos da Diocese do Funchal

O presidente da Comissão Científica do Congresso Internacional sobre os 500 anos da Diocese do Funchal afirmou que este encontro vai ser uma oportunidade de “atualização da sua história e da memória da história do cristianismo, a história da Igreja”.

“Vamos observar duas dinâmicas muito particulares, a vida espiritual e eclesiástica da própria ilha da Madeira e a propagação do cristianismo. Como é que o processo desencadeado a partir de 1514 teve um conjunto de consequências intermináveis que vem até aos nossos dias”, explica João Paulo Oliveira e Costa, sobre o congresso que começa hoje e termina no sábado.

A Diocese de Angra, que inicialmente pertencia à jurisdição da Diocese do Funchal, é uma das presentes. A representação diocesana é assegurada pelo Vigário Geral, Pe Hélder Fonseca Mendes, que já esteve na Madeira no âmbito das comemorações dos 500 anos desta Diocese, no mês de junho.

Na altura, proferiu duas conferências sobre o Espirito da Evangelização e os Evangelizadores com Espírito, a partir de dois textos dos Papas Paulo VI e Francisco, respetivamente.

No Congresso que hoje se inicia no Funchal vão estar duas investigadoras da Universidade dos Açores. Susana Goulart Costa, que pertence igualmente à Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja, realiza amanhã uma conferência integrada na sessão plenária “Tempos da Igreja e tempos da Sociedade” onde falará sobre os aspetos tridentinos na Diocese do Funchal. No dia seguinte, Margarida Lalanda, docente da Universidade açoriana realiza uma conferência sobre As Clarissas nas Dioceses do Funchal e de Angra, nos séculos XVI e XVII.

À Agência ECCLESIA, o responsável pela organização cientifica do congresso assinala que estes dias de estudo e análise vão permitir fazer um “upgrade da própria história”, porque “é a memória da Diocese do Funchal que vai ser reforçada”, e da memória da história do cristianismo.

“Como toda a história que deve ser refeita e reinterpretada e é muito importante que os académicos se reúnam regularmente, possam troca impressões e refazer a história com nova documentação e novas formas de interpretar que são fundamentais”, acrescenta João Paulo Oliveira e Costa.

O especialista explica que o título do congresso internacional ‘Diocese do Funchal, a Primeira Diocese Global – História, Cultura e Espiritualidades’ corresponde “àquilo que inicialmente foi pensado para a diocese”.

“A diocese foi criada há 500 anos, em 1514, num momento extraordinário da história de Portugal e do mundo, em que as sociedades que estavam fechadas começaram a entrar na aventura da globalização, na expansão marítima”, desenvolve.

O professor da Universidade Nova de Lisboa explica que os portugueses, que foram pioneiros nas descobertas, tiveram uma atitude completamente diferente dos castelhanos“ que criaram “dioceses de conquista”.

“A diocese do Funchal tem a lógica, durante algum tempo, de jurisdição de todos os territórios que os portugueses já controlavam e abarcavam além da Europa, na África, na Ásia e América, criada depois da descoberta do Brasil”, refere João Paulo Oliveira e Costa.

A diocese foi criada com a Bula ‘Pro Excelenti Praeminentia’ assinada pelo Papa Leão X, a 12 de junho de 1514, e neste período, depois de terminada a “conversão da Europa, há um reaprender da forma de propagar o Evangelho”.

O presidente da comissão científica observa que neste período a Igreja e a coroa portuguesa ainda estão “muito agarradas à lógica da cruzada” e vai ser a partir do século XVI com a ação de São Francisco Xavier que começa a missionação moderna.

Com o desenvolvimento e “uma maior complexificação da atividade ultramarina”, a coroa portuguesa “propôs a Roma a criação de novas dioceses” e na década seguinte são criadas as dioceses dos Açores, Cabo Verde, São Tomé e de Goa, acrescenta João Paulo Oliveira e Costa que esta quarta-feira apresenta o tema ‘A Igreja e as ilhas atlânticas: Séculos XV a XVI’.

Este congresso internacional conta com “muitos historiadores portugueses, de outros pontos da Europa e de quase todas as partes do mundo que estiveram a estar subordinadas à Diocese do Funchal”.

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