D. António de Sousa Braga “foi uma lufada de ar fresco” e um homem “com o coração maior que os Açores”

Na hora da saída da titularidade da diocese insular, foi assim que o viram sacerdotes e leigos que com ele conviveram de perto.

O bispo emérito de Angra foi um homem que marcou o seu tempo e deixou um legado que todos devemos olhar e a marca da proximidade é porventura a que mais se destaca neste homem que hoje partiu na sequência de uma paragem cardio-respiratória.

O 38º bispo de Angra foi o segundo açoriano a desempenhar este ministério. Natural de Santa Maria, D. António de Sousa Braga saíu cedo da ilha- com apenas 13 anos- foi estudar para a Madeira, depois para Coimbra e daí para Roma. Dentro da congregação dos Padres do Coração de Jesus foi formador, reitor e provincial.

Quando regressou aos Açores, para ser ordenado bispo de Angra, “foi uma lufada de ar fresco que passou por esta terra e foi também um de nós” disse o presidente da Câmara Municipal de Angra, Alamo de Meneses,  que em 2015 o fez cidadão honorário, um ano depois quando se despediu de D. António de Sousa Braga.

“Teve uma participação social e presença junto das suas comunidades como há muito não se via e isso deixa-nos uma grata memória.  Mais do que um cidadão honorário é um concidadão. Vemo-lo partir com pena mas muito gratos pelo trabalho desenvolvido” acrescentou ainda falando em nome “de todos os Angrenses julgo que posso dizer que  D. António  deixa saudades”.

Ao longo do seu episcopado, ordenou 55 sacerdotes e demonstrou sempre um carinho especial pelo Seminário, onde “ia com frequência e se sentava a comer como um de nós” destacava na altura  Monsenhor António da Luz, um dos decanos sacerdotes da região que, durante muitos anos, foi docente na instituição.

“Aparecia, comia connosco…tenho a ideia de uma pessoa muito humilde e com muita cultura mas fazendo prevalecer sempre o seu cristianismo e a sua caridade” disse o sacerdote.

“Correu riscos porque houve pessoas que abusaram da sua bondade, paciência e generosidade provocando-lhe um sofrimento enorme, mas até nisso, como homem de Deus soube sempre perdoar”, acrescentou Monsenhor António da Luz. “Para mim foi um modelo e uma inspiração. Vejo muito a vida do D. António na linha do que hoje admiramos no papa Francisco: é um homem do nosso tempo, para a nova evangelização”.

“A proximidade foi impressionante. Ele saia à rua, veio ter com o povo e trouxe com simplicidade a sua profundidade” sublinhava, por seu lado, o padre José Júlio Rocha.

“O que mais gostaria de destacar é que ele foi um homem com tempo: teve sempre tempo para receber, ouvir e deixar uma palavra aos padres, aos leigos, a todos os que o procuravam e isso fez dele um verdadeiro pastor”, destaca o professor do Seminário de Angra e responsável pela Comissão Justiça e Paz. O sacerdote lembra os momentos difíceis que o prelado viveu, mas frisa que “foi sempre o primeiro a chegar e a deixar uma palavra de conforto”.

“Resistiu a tudo isto construindo uma diocese muito aberta, humana em que todos se sentiam bem. Espero que a forma de ser pastor de D. António seja um ensinamento para todos,  para que todos possamos estar bem, sem receios e sem medos”, concluia o padre José Júlio Rocha.

“Mais do que um bispo foi um verdadeiro pastor, com uma atitude humilde mas sempre muito inteligente quer no relacionamento pessoal quer no institucional” dizia em 2016 Bento Barcelos Presidente da União das Misericórdias dos Açores e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Angra.

Já Manuel Pires Luís, responsável pela Junta Regional dos Açores do CNE destacava o “bispo escuteiro, sempre presente na ajuda ao outro”.

“D. António foi um verdadeiro escuteiro sempre presente, com uma mensagem muito apelativa e formativa para os nossos jovens.”, acrescentou.

Anabela Borba, Presidente da Cáritas Açores, destacava também a “presença próxima que deu lugar à amizade e até a uma certa cumplicidade”, referia lembrando “o empenho  e o cuidado para dotar todas as paróquias de mecanismos de resposta aos problemas sociais a que deu particular atenção”.

“Bastava um telefonema para que ele respondesse logo e isso aproximava-o das pessoas, sem protocolos nem outras coisas”, dizia ainda a dirigente.

(Esta noticia foi feita com base nas várias publicações feitas por ocasião da homenagem feita a 2 de junho de 2016)

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