D. Armando Esteves Domingues afirma que “diluição espiritual” leva à perda de identidade dos povos

Bispo diocesano presidiu à Missa da solenidade da Imaculada Conceição no primeiro Santuário mariano da diocese, criado em 1987, em Angra do Heroísmo

 

O bispo de Angra afirmou esta manhã que a “diluição espiritual e cultural” de um povo significa a “perda da sua identidade”, sublinhando a ligação histórica de Portugal à Imaculada Conceição, na homilia da Missa a que presidiu no santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo.

D. Armando Esteves Domingues disse que as nações só sobrevivem à erosão do tempo “se prosseguirem na fecundidade que lhes vem da sua espiritualidade e da sua cultura”.

O responsável da diocese insular recordou figuras como S. Nuno Álvares Pereira e D. João IV, notando que em Portugal a devoção mariana está ligada a “acontecimentos decisivos” da independência nacional e da afirmação histórica da Portugalidade, sendo anterior à proclamação do dogma pela Igreja.

“É um daqueles exemplos em que o Magistério se deixou guiar não só pela reflexão dos teólogos, mas também pelo “sensus fidei fidelium”, ou seja, por aquela espécie de intuição espiritual do santo povo de Deus que não se engana quando percebe unanimemente certas verdades da fé, como esta da Imaculada Conceição de Maria” recordou, sublinhando, por outro lado,  que esta “espiritualidade seria igualmente assumida por intelectuais”.

Numa celebração transmitida pela RTP, canal 1 e RTP Açores, o bispo de Angra refletiu sobre a postura do crente diante de Deus, contrastando o medo de Adão com a confiança de Maria.

“Deus não quer filhos com medo, que fujam e se fechem no negativo, mas que O amem e amem os irmãos”, declarou.

Para o responsável católico, o verdadeiro obstáculo na relação com o divino não é o pecado em si:  “O que nos afasta de Deus não são as nossas culpas, mas a presunção de sermos superiores a tudo e todos, arvorados em substitutos ou representantes de Deus, justiceiros sem mácula”.

D. Armando Esteves Domingues afirmou que, “para compreender quem é Maria, é preciso o coração e, sobretudo, os joelhos”, pois a soberba afasta os fiéis de Deus na sua autossuficiência.

No contexto do ano pastoral na diocese açoriana, que lança a pergunta “Cristão, que dizes de ti mesmo?”, a partir do sentido do batismo, o prelado desafiou os batizados a dar uma resposta de compromisso.

O responsável desejou que a Igreja seja, à imagem da Virgem, “esposa de Cristo, mãe dos pobres e consoladora dos aflitos, casa para todos, comunidade de irmãos, esperança dos mortais”.

“Maria é o exemplo do que a Igreja deve ser: pobre, humilde e atenta”, disse ainda  deixando uma pedido a todos os peregrinos da Senhora da Conceição: “parece que o comércio expulsou Jesus do nosso mundo; que não seja o nosso caso. Não expulsemos Jesus da nossa vida nem da nossa família”.

A celebração, que assinalou igualmente o aniversário dos Bombeiros de Angra do Heroísmo, decorreu no primeiro Santuário Mariano da diocese, criado em 1987 por D. Aurélio Granada Escudeiro, após a reabilitação da igreja na sequência do sismo de 1980, e que hoje está em festa com a celebração de várias eucaristias animadas por grupos diferentes. A última missa será a da Confraria de Nossa Senhora da Conceição que hoje receberá três novos membros.

A solenidade da Imaculada Conceição, que a Igreja Católica assinala anualmente a 8 de dezembro, é feriado nacional em Portugal, um reconhecimento da importância desta data na espiritualidade e identidade do país.

O dogma da Imaculada Conceição de Maria foi proclamado a 8 de dezembro de 1854, através da bula ‘Ineffabilis Deus’, a qual declara a santidade da Virgem Santa Maria desde o primeiro momento da sua existência, sendo preservada do pecado original.

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