“Dentro de uma Igreja há sempre muitos sinais para louvar a Deus, mas as pessoas estão sempre primeiro”- Bispo de Angra

D. Armando Esteves Domingues presidiu hoje à dedicação da Igreja do Rosário da Lagoa e alertou para as vítimas de perseguição religiosa que “não têm espaços para rezar em comunidade”

Foto: Igreja Açores

No dia em que a Igreja Açoriana recorda os 34 anos da passagem do Papa João Paulo II pelos Açores, o bispo de Angra presidiu na Lagoa à dedicação da Igreja do Rosário, construída sobre a ancestral ermida que aqui foi erguida no início do povoamento, no século XVI.

“Esta igreja tem uma história belíssima e ela é,  em cada pedra, a expressão da fé dos que aqui passaram”, mas “a dedicação solene não é uma obra material, não é o melhoramento material mas algo espiritual de todos os que se deixam contagiar por Jesus e depois vão anunciá-Lo para o meio do mundo” afirmou D. Armando Esteves Domingues.

Na celebração, muito participada por todo o Povo de Deus, o prelado diocesano chamou a atenção para o problema da perseguição religiosa, sobretudo dos cristãos, em tantos lugares do mundo.

“Há tantos cristãos, nossos irmãos, impedidos de construir ou de entrar em igrejas, que não podem dizer juntos que crêem neste Deus que a todos acolhe, que não podem rezar, sentar-se e converter-se juntos, que não podem rezar fora das suas casas.  Teremos consciência disto ou estamos instalados?” interpelou o bispo da diocese de Angra desafiando todos os presentes para valorizarem sobretudo Cristo.

“Temos de desaparecer para que fique Cristo” afirmou referindo-se a esta celebração de dedicação.

“Nela somos todos benzidos; falamos de todos os sinais de louvor a Deus mas o mais importante para Ele são as pessoas”, disse deixando um apelo: “oxalá aqui nasça comunidade”.

“Depois da missa começa a missão e a religião prova- se no serviço generoso prestado ao homem, sobretudo aos irmãos pobres e abandonados” sublinhou o prelado diocesano que depositou, debaixo do altar, uma relíquia da beata e mártir Maria do patrocínio de São José, uma espanhola que morreu em 1936, inicio da guerra civil espanhola, com 33 anos, quando defendia a sua virgindade.

“Vivemos aqui ritos e gestos muito expressivos” disse o bispo de Angra indicando que a “casa é de todos” e a “iniciativa vem sempre de Deus”.

A partir do evangelho deste domingo do Bom Pastor, em que a Igreja proclama o Evangelho de João, D. Armando Esteves Domingues salientou o valor da escuta, “do chamamento de Deus e dos irmãos”, do conhecimento feito amor e do seguimento.

“Se continuarmos surdos diante Dele e com os outros, Ele não nos dá a sua comunhão” disse o prelado.

“Quem segue Cristo vai com Ele: sai e vai em busca de quem se perder… sofre com os que sofrem, chora com os que choram e leva-os aos ombros”, concluiu deixando ainda uma palavra para os jovens neste dia em que a Igreja celebra o 62º Dia de Oração pelas Vocações.

“A vocação é um dom precioso que Deus cria no coração de cada um ; não há vocação sem cruz. Hoje muitos jovens sentem-se perdidos diante do mundo onde a confusão digital ainda acentua mais a dificuldade. Façamos com que eles se orientem.  Queridos jovens olhai para os jovens santos e beatos que responderam com alegria ao convite do Senhor. Não tenhais medo. Ajudai a construir esta comunidade”, disse por fim o prelado.

“Esta é a festa de todos, para todos e com todos” disse por seu lado o pároco e ouvidor da Lagoa, padre Rui Silva, que desafiou os lagoenses a serem “testemunhas de um Deus vivo”.

A atual Igreja data de 16 de Janeiro de 1773. A construção da torre sineira, porém, só se verificou a 19 de Junho de 1782.

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