Diocese de Angra publica relatório da Visita Ad Sacra Limina do 30º prelado diocesano ao Papa Leão XIII

Participam neste trabalho o Chanceler da Cúria Pe João Maria Mendes e a investigadora Susana Goulart Costa

O Boletim Eclesiástico dos Açores (BEA) acaba de ser enriquecido com mais um volume com o relatório de preparação da visita Ad Sacra Limina, em 1901 ao papa Leão XIII, feito pelo 30º Bispo de Angra, D. Francisco José Ribeiro Vieira e Brito, que liderou a diocese entre 1892 e 1901.

“Trata-se de um volume extraordinário e inédito”, acentua o diretor do Boletim Eclesiástico dos Açores, Pe Hélder Fonseca Mendes, na nota de apresentação deste trabalho, pois “não há memória de em 480 anos, qualquer um dos 38 bispos diocesanos ter sido dado a conhecer por um relatório deste estilo”.

De acordo com o sacerdote, que é também Vigário Geral da Diocese de Angra, apenas D. Luís de Figueiredo, açoriano mariense, Bispo de Funchal o fez redigindo três relatórios de visitas nos anos de 1594; 1599 e 1605.

“Através deste relatório, D. Francisco dá-nos a conhecer a mais perfeita realidade açoriana da transição dos séculos XIX para o XX, quer nas instituições eclesiais, quer na sociedade açoriana do seu tempo”, refere ainda o responsável pelo Boletim na nota de apresentação.

Para um dos autores do estudo, Pe João Maria Mendes, este relatório quinquenal, que os bispos estavam obrigados a enviar à Santa Sé com regularidade, “excede um simples documento desta natureza por ser um extensíssimo e interessante relato da Diocese de Angra”.

Desde a idade média que se tinha estabelecido o uso dos Bispos fazerem a chamada visita “ad Sacra Limina ou ad limina Apostolarum” , que do ponto de vista eclesial e tológico, pretendia vincar a unidade da igreja católica através da presença junto do Romano Pontífice,  dos bispos de todo o mundo, durante a qual veneravam os túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo. Ora, o relatório do prelado diocesano dá a conhecer a satisfação desta obrigação antiga mas não só.

D. Francisco José quando chegou a Angra, quis conhecer a realidade diocesana. Estabeleceu a sua residência na sede do Bispado, numa antiga casa da Carreira dos Cavalos, que tinha sido ofertada pelo Rei D. João III e durante os primeiros tempos fixou como prioridade “estreitar relações e captar a simpatia do Cabido, clero, autoridades e povo em geral”;” inteirar-se dos negócios da diocese; saber das suas necessidades mais prementes e informar-se sobre tudo o que pudesse concorrer para uma aproximação ao povo e uma melhor gestão diocesana”. Tudo isso, naturalmente, “acompanhado de um plano bem definido de atuação pastoral” como salienta o Pe João Maria Mendes. E foi o resultado desse “tomar de pulso” à diocese que deu a conhecer a Roma, no relatório que agora o BEA publica.

Ao longo de quase 300 páginas, este novo suplemento nº 63 do BEA, além do estudo comentado deste relatório por parte destes dois investigadores, faz uma transcrição exaustiva do relatório trazendo à luz do dia a visão do 30º Bispo de Angra sobre esta diocese que, nas palavras do próprio prelado, teria “atravessado um período de perfeito estado de decadência moral e religiosa”.

Todo o relatório tinha em vista “descrever não só a situação da vida religiosa da Diocese como também apresentar soluções pastorais que pareciam mais adequadas ao prelado diocesano” de então, refere ainda o Pe João Maria Mendes sublinhando a necessidade “que transparece” neste relatório “ de se engrandecer a vida espiritual destas ilhas”.

Esta nova publicação pode ser adquirida nas livrarias diocesanas do arquipélago.

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