D. Sérgio Dinis está no Pico a presidir às Festas do Senhor Bom jesus Milagroso
O Bispo das Forças Armadas e de Segurança sublinhou esta tarde, em declarações ao Sítio Igreja Açores no Pico, a onde se encontra a presidir à festa do Senhor Bom Jesus Milagroso, cujo ponto alto é amanhã, a importância de manter viva a esperança da Paz mesmo perante um “mundo em pedaços”.
D. Sérgio Dinis destacou que “é fundamental despertar consciências” para o drama que se vive em zonas de guerra. A situação em Gaza, onde o sofrimento se tornou quase habitual aos olhos do mundo, foi particularmente referida como um “inferno criado pela indiferença”. Nesse sentido, apelou a que as homilias, os media e os fiéis não deixem cair no esquecimento este drama humanitário.
O prelado sublinhou a este propósito o papel da Igreja e o das instituições de solidariedade referindo organismos como a Ajuda à Igreja que Sofre e outras organizações mundiais que são, segundo o bispo, essenciais para “levar esperança concreta” através do auxílio material e espiritual às populações atingidas.
Além do plano internacional, foi feita referência à necessidade de Portugal — e da Igreja Portuguesa — se organizarem para reforçar a sua presença solidária e pacificadora a nível global. Um desafio complexo, sobretudo pelas dificuldades logísticas, mas considerado “urgente e necessário”.
Enquanto Bispo das Forças Armadas, reconheceu a importância do reforço das capacidades defensivas da Europa, sem com isso desvirtuar a missão fundamental das Forças Armadas: manter a paz. Sublinhou, ainda, a prontidão dos militares portugueses para integrarem missões de paz, caso venha a ser necessária uma força multinacional na Faixa de Gaza.
No entanto, alertou para os desafios internos do sector da Defesa, como a dificuldade no recrutamento, fruto do envelhecimento da população e da pouca atractividade das carreiras militares e de segurança. Reforçou, de resto, a urgência de um investimento não só material, mas também humano nestas áreas essenciais à soberania e segurança nacional.
Na conversa com o Sítio Igreja Açores, o bispo das Forças Armadas e de Segurança deixou um apelo a todos os cristãos para que aproveitem este Ano Jubilar como tempo de reconciliação interior e de construção da paz nas suas comunidades.
Sublinhou, também, a importância de acolher os migrantes, combater a exploração e as injustiças sociais, e de não “ficarmos indiferentes perante o sofrimento alheio”.
A imagem do Senhor Bom Jesus Milagroso foi evocada como símbolo de esperança: um olhar sereno e firme, que convida os fiéis a “não baixar os olhos perante as dificuldades”, mas a manterem-se confiantes e comprometidos com o bem comum.
“Não basta sermos devotos do Bom Jesus. É preciso transformar a devoção em gestos concretos de justiça e solidariedade”, concluiu.
“Se olharmos bem para a imagem do Senhor bom Jesus milagroso, Ele olha sempre em frente, é um olhar de confiança, é um olhar de esperança. Imitemo-lo no olhar e sejamos consequentes nos gestos”, conclui o prelado que amanhã presidirá à Missa Solene da Festa, ás 16h00, seguida de procissão.
Esta noite já será de enchente no Santuário com inúmeros peregrinos a percorrerem a pé a ilha para chegar até ao Senhor Bom jesus.
Este ano o tema da festa é “Cristo, nossa esperança”, como aliás é em todos os santuários diocesanos. A festa do Bom jesus é uma das mais importantes no verão açoriano, fazendo convergir para São Mateus do pico milhares de peregrinos, alguns deles da diáspora que por estes dias se deslocam ao santuário em ação de graças e de suplica.
A festa remonta a 1862, quando o emigrante Francisco Ferreira Goulart trouxe do Brasil uma imagem do Senhor Bom Jesus, que desencadeou logo uma invulgar atração e “uma forte piedade que contagiava as almas”.
(Com Elson Medeiros)