A partir de sábado, o Santuário estará aberto 24 horas até ao final da procissão de domingo

A festa da Serreta, em honra de Nossa Senhora dos Milagres, será a última grande celebração de verão em santuários diocesanos e volta a ser presidida pelo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, no dia 14 de setembro, pelas 16h00.
A primeira festa religiosa de Nossa Senhora dos Milagres teve lugar a 11 de Setembro de 1764 sob o patrocínio da Festa Litúrgica da Natividade (nascimento) de Nossa Senhora, que é assinalada pela Igreja a 8 de setembro. Sempre que esse dia não coincide com o domingo, celebra-se sempre no segundo domingo do mês e é a grande festa religiosa da ilha Terceira no verão.
O programa, como tem sido já há uns anos, desde o tempo do anterior reitor, cónego Manuel Carlos Alves, tem dado prioridade aos grupos corais de todas as paróquias, aos movimentos de pastoral da ilha e todos os anos são integrados mais grupos, refere o atual Reitor, padre João pires.
“São cada vez mais os grupos organizados a pedirem para virem. Além das forças vivas da freguesia, tivemos os romeiros e as romeiras, comunidades das paróquias vizinhas, Movimento da Mensagem de Fátima, Cursilhos de Cristandade, Equipas de Nossa Senhora, Centros de convívio de idosos” refere o sacerdote que, desde o dia 5 de setembro, tem acompanhado a novena preparatória da festa, pregada este ano pelo padre António Santos, pároco em Porto Martins e Cabo da Praia.
“No domingo, entre as três da manhã a as seis da manhã, haverá um momento de adoração eucarística pela Paz com a participação do Grupo Nós com Cristo, que animará essas três horas, juntamente comigo, em que rezaremos pela paz e convidaremos todos os Peregrinos também a se juntarem a nós por isso que é tão preciso no mundo, que é a paz” avança o sacerdote.
Esta Romaria, contrariamente às Romarias de São Miguel não é tanto uma Romaria penitencial.
“Apesar de ser uma Romaria religiosa é uma Romaria marcada pela alegria” refere sublinhando que a própria imagem da Nossa Senhora dos Milagres, que este ano foi restaurada, veste de cor de rosa.
“É interessante que no 3º domingo Advento e no quarto da Quaresma temos a cor rosa na liturgia. É um roxo mais esbatido, digamos assim. E na simbologia oriental o roxo significa a esperança. Portanto, a cor da Nossa Senhora dos Milagres é rosa. Por isso, tem este sentido de alegria, de esperança” salienta o responsável.
“Claro que os peregrinos que aqui vêm, trazem sempre os seus problemas: a precariedade no trabalho, os problemas de saúde, o estudo, os jovens que vão para a universidade enfim… Mas vêm com alegria e não com um ar pesado”, afirma.
Este ano ainda existem algumas contrariedades no percurso mas isso não impede que haja peregrinos a pé. Bem pelo contrário.
Os designados “caminhos da Serreta”, um projeto da Associação para a Ciência e Desenvolvimento dos Açores (ACDA), com o objetivo de melhorar a segurança dos caminhos pedonais que ligam todas as freguesias da ilha Terceira, proporcionando ao mesmo tempo um circuito de peregrinação mais prolongado, que possa criar laços entre os que fazem os caminhos e as comunidades por onde eles passam, estão a avançar embora num ritmo mais lento do que os seus promotores desejariam.
“O mais difícil foi encontrar empresários”, adianta Tomaz Dentinho que contava com outra facilidade no acolhimento e nas refeições dos peregrinos à semelhança do que acontece nos caminhos de Santiago.
“Na Praia e em Angra, é mais fácil, nos Biscoitos é um bocadinho mais difícil e, também, no centro da ilha, ali ao pé do Golfe, enfim, temos tido uma boa recepção, mas não se avança muito”.
“Estamos a terminar a página para agora fazermos os contactos finais; já fizemos os preliminares e acertarmos um contrato, enfim, uma forma de fazer, que é para as pessoas, quando chegarem aos sítios, saberem qual é o preço e terem acolhimento, com o preço razoável”, avança.
Os percursos pedonais da Ilha Terceira já são percorridos por residentes, turistas e romeiros. A abordagem desde projeto é, ao longo do tempo, melhorar a sinalização, a informação, a visitação, a restauração e o acolhimento aproveitando a experiência da dinamização de outros caminhos tradicionais como é o caso dos Caminhos de Santiago.
O projeto foi apresentado no ano passado pelo investigador da Universidade dos Açores Dinis Pereira num workshop sobre os Caminhos de Santiago e os Caminhos de Nossa Senhora da Serreta, que decorreu no Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.
Para levar por diante este projeto, os seus autores tiveram que desenhar os caminhos de Nossa Senhora dos Milagres da Serreta, de Baixo, do Mato e de Cima, desde a Aerogare até à Serreta e, com o apoio dos Municípios de Angra do Heroísmo e da Praia da Vitória conseguiram a sua marcação no terreno a azul e branco e com as letras A (Mato), B (Baixo) e C (Cima).

Os caminhos têm extensões diferentes: o Caminho de Baixo tem 58 Km e pode ser percorrido em dois dias e meio; o Caminho do Mato tem 41 Km e pode ser percorrido num dia e meio e o Caminho de Cima tem 38 Km e pode ser percorrido num dia e meio.
As entidades envolvidas são particulares, Freguesias, Casas do Povo, Impérios, Paróquias, e as Câmara Municipais que – com natural benefício pela provisão de serviços de alojamento e restauração e animação – ajudam a tornar os Caminhos de Nossa Senhora dos Milagres mais seguros.
A festa da Serreta é a mais importante festa de verão da ilha Terceira. Segundo os registos históricos, esta festa tem origem no século XVII e está ligada a vários momentos difíceis da história do arquipélago e de Portugal, com as comunidades a virarem a sua esperança para Maria.
De modo particular destaca-se o período em que Portugal se viu envolvido na guerra entre a França e a Espanha contra Inglaterra. Numa altura em que a Ilha Terceira não tinha qualquer tipo de fortificações e estava quase indefesa, a esperança das autoridades e das pessoas voltou-se para a intercessão de Nossa Senhora dos Milagres, cuja imagem estava colocada na igreja das Doze Ribeiras.
Ficou a promessa de que caso a ilha não sofresse qualquer investida inimiga, a comunidade iria promover uma festa anual em honra de Nossa Senhora, o que veio a acontecer.
A primeira celebração dedicada a Nossa Senhora dos Milagres aconteceu a 11 de setembro de 1764 mas esta devoção afirmou-se definitivamente a partir de 1842. A construção da igreja começou em 1819, liderada pelo general Francisco António de Araújo, e foi concluída em 1842.
Pregador da Festa da Serreta desafia peregrinos a fazer da novena um período de renovação espiritual