Francisco apresenta ressurreição de Cristo como “maior esperança” da vida humana

Foto: Lusa/EPA

O Papa apresentou hoje a ressurreição de Cristo como a “maior esperança” da vida humana, numa homilia preparada para a Missa de Páscoa, no Vaticano.

“Irmãos e irmãs, aqui está a maior esperança da nossa vida: podemos viver esta existência pobre, frágil e ferida agarrados a Cristo, porque Ele venceu a morte, vence a nossa escuridão e vencerá as trevas do mundo, para nos fazer viver com Ele na alegria, para sempre”, refere a homilia, lida pelo vigário emérito para a Cidade do Vaticano, cardeal Angelo Comastri, que presidiu à celebração por delegação de Francisco.

Sem a presença do Papa, ainda em convalescença, o texto, ouvido por milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, recorda que “os protagonistas dos relatos pascais correm todos”.

“Este ‘correr’ exprime, por um lado, a preocupação de que tivessem levado o corpo do Senhor; mas, por outro lado, a corrida de Maria Madalena, de Pedro e de João fala do desejo, do impulso do coração, da atitude interior de quem se põe à procura de Jesus. Ele, com efeito, ressuscitou dos mortos e, portanto, já não se encontra no túmulo. É preciso procurá-lo noutro lugar”, indica o Papa.

Francisco alertou para o perigo de “estacionar” o coração nas “ilusões deste mundo” ou de o fechar na tristeza.

“Temos de nos pôr em movimento, sair para O procurar: procurá-lo na vida, procurá-lo no rosto dos irmãos, procurá-lo no dia a dia, procurá-lo em todo o lado, exceto naquele túmulo”, acrescenta a reflexão.

“Este é o anúncio da Páscoa: é preciso procurá-lo noutro lugar. Cristo ressuscitou, está vivo! Não ficou prisioneiro da morte, já não está envolvido pelo sudário e, por isso, não podemos encerrá-lo numa bonita história para contar, não podemos fazer dele um herói do passado ou pensar nele como uma estátua colocada na sala de um museu!”

Francisco sublinha a necessidade de procurar Jesus nas pessoas de hoje, “nas situações mais anónimas e imprevisíveis” da vida.

“Ele está vivo e permanece sempre connosco, chorando as lágrimas de quem sofre e multiplicando a beleza da vida nos pequenos gestos de amor de cada um de nós”, sustentou.

“A Páscoa põe-nos em movimento, impele-nos a correr como Maria de Magdala e como os discípulos; convida-nos a ter olhos capazes de ‘ver mais além’, para vislumbrar Jesus, o Vivente, como o Deus que se revela e ainda hoje se torna presente, nos fala, nos precede, nos surpreende”, prosseguiu.

“O Jubileu convida-nos a renovar em nós mesmos o dom desta esperança, a mergulhar nela os nossos sofrimentos e as nossas inquietações, a contagiar aqueles que encontramos no caminho, a confiar a esta esperança o futuro da nossa vida e o destino da humanidade”.

O cardeal Comastri quis deixar uma palavra de agradecimento ao Papa: “Obrigado por este forte convite a despertar a nossa fé”.

A Missa de Domingo de Páscoa começou, como acontece desde 2000, com o rito do ‘resurrexit’ (ressuscitou), que inclui a abertura dos painéis laterais do ícone do Santíssimo Salvador, ao canto do ‘Aleluia’.

Este rito, perdido durante vários séculos, era realizado antigamente na Basílica de São João de Latrão, em Roma, da qual o Papa partia em procissão para a Basílica de Santa Maria Maior, onde celebrava a Missa.

A proclamação do Evangelho aconteceu em latim e grego, como sinal da universalidade da mensagem cristã, no dia em que se celebra a ressurreição de Jesus Cristo, momento mais importante do calendário litúrgico da Igreja Católica.

Num ano em que os católicos do Ocidente e do Oriente celebram a Páscoa no mesmo dia, por coincidência dos seus calendários próprios, foi ouvido no Vaticano o canto pascal dos “Stichi e Stichirà” da liturgia bizantina que
que antigamente se cantava diante do Papa, neste domingo.

Milhares de flores e plantas, provenientes da Itália e dos Países Baixos, adornam a Praça de São Pedro e a Basílica do Vaticano, nesta Páscoa.

Após a Missa vai decorrer a bênção ‘Urbi et Orbi’ (à cidade [de Roma] e ao mundo), com a mensagem pascal do Papa.

Francisco está em convalescença na Casa de Santa Marta desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli.

(Com Ecclesia e Vatican News)

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