D. Armando Esteves Domingues presidiu à concelebração na Catedral para evocar os 491 anos de criação da Diocese

O bispo de Angra lançou esta segunda-feira um apelo à criação de comunidades cristãs “vivas e dinâmicas”, inspiradas no exemplo da primeira comunidade dos Atos dos Apóstolos, “onde todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum”, na missa que assinalou o Dia da Igreja Diocesana, que celebra 491 anos.
O prelado defendeu que a vitalidade da Igreja depende de comunidades locais que reflitam o espírito da fraternidade apostólica: “Peço a Deus que nos dê a graça de vermos comunidades vivas, à semelhança da descrita nos Atos dos Apóstolos”.
Na celebração, que reuniu o clero e alguns leigos das duas ouvidorias da ilha Terceira, D. Armando Esteves Domingues apontou para um novo ardor evangelizador no período que agora inicia um caminho de nove anos rumo ao jubileu dos 500 anos da diocese insular e destacou o espírito do Projeto Pastoral que pretende revitalizar a “comunhão, a formação e o anúncio de Jesus Cristo”. O tema, de resto, guiará este primeiro ano a partir da pergunta “Cristão que dizes de ti mesmo” e desafia cada fiel e cada paróquia a refletir sobre a sua identidade e missão, num caminho de renovação espiritual e pastoral.
Na sua homilia, o bispo alertou para os riscos de uma fé acomodada e de uma prática sacramental reduzida a formalismos: “Precisamos de cristãos perseverantes. Estar acomodado é falta de esperança e perigo de morte”. Sublinhou, por outro lado, que a paróquia deve ser “um espaço de vida sinodal e fraterna por excelência”, onde a escuta da Palavra, a celebração da Eucaristia e o compromisso missionário caminham juntos.
Citando a Carta Pastoral “Batizados na Esperança”, que publicou dias antes do arranque oficial do ano pastoral na diocese a 5 de outubro, D. Armando Esteves Domingues reforçou a importância da formação contínua, do envolvimento das famílias na vida cristã e do “primeiro anúncio” da fé, especialmente num tempo em que “muitos vivem como se não tivessem sido tocados pelo Evangelho”.
No espírito jubilar, o bispo agradeceu aos leigos, religiosos e párocos o trabalho desenvolvido nas várias ilhas, reconhecendo-os como “missionários da esperança” e construtores de unidade. Lembrou também a dimensão social da fé, salientando que “as comunidades fraternas tornam o tecido social mais coeso e integrador, enquanto as divisões são a mãe de todas as pobrezas”.
A homilia terminou com o anúncio da nomeação da nova Comissão Histórica para o estudo da vida de Madre Teresa da Anunciada, religiosa clarissa impulsionadora do Culto do Senhor santo Cristo dos Milagres, passo importante na abertura de um eventual processo de beatificação da religiosa, há muito desejado pelos açorianos devotos deste culto. O bispo recordou ainda a conclusão do processo diocesano da Serva de Deus Maria Vieira, ocorrido há um ano, e confiou o caminho da Diocese “aos santos e à Rainha dos Açores”, para que guiem o povo “na peregrinação da esperança até 2034”.
Esta segunda-feira assinala-se , também, os 40 anos de reabertura da Sé depois das obras de reconstrução do sismo de 80 e do incêndio de 1983.
No dia 3 de Novembro de 1985, a Sé de Angra do Heroísmo era reaberta ao Culto, após cinco anos de reconstrução fruto dos danos provocados pelo sismo de 1980 e a queda de uma torre e um incêndio que assolou o edifício em 1983.
A Diocese de Angra, que abrange uma superfície total de 2243km2, dispersa por nove ilhas, que integram 17 ouvidorias e 165 paróquias foi criada pelo papa Paulo III através da bula Aequum reputamus, de 5 de Novembro de 1534. A diocese abrange todo o arquipélago dos Açores e tem a sua sede na cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Os primeiros povoadores católicos foram instruídos pelos franciscanos que chegaram em 1456 à ilha Terceira, onde construíram uma ermida e em 1470 erguem o Convento de São Francisco de Angra. Em 1461 dá-se a fundação da Ermida de São Salvador a mando de Álvaro Martins Homem, fundador da vila da Angra. Essa ermida esteve na origem da Sé Catedral de Angra do Heroísmo.
Em 1862, isto é, 328 anos após a fundação da Diocese, foi fundado o Seminário Episcopal de Angra. A inauguração solene realizou-se a 9 de novembro, no antigo Convento de São Francisco. Foi somente em 1864 que o seminário recebeu alunos internos. Até então os clérigos açorianos recebiam formação em seminários, em Portugal continental, universidades nacionais e estrangeiras, e ainda nos conventos existentes nos Açores, e mais tarde, nos colégios que os Jesuítas fundaram em Angra, Ponta Delgada e Horta. Em Ponta Delgada, foi inaugurado o Seminário Menor do Santo Cristo em 12 de outubro de 1966.
A 11 de maio de 1991, o Papa João Paulo II visitou os Açores. Foram feitas celebrações religiosas nas cidades de Ponta Delgada e Angra do Heroísmo.
Desde a sua fundação, a Diocese de Angra já teve 40 bispos, sendo apenas dois naturais dos Açores.
(Mais em https://www.diocesedeangra.pt/diocese/? – texto elaborado a partir de informação do Instituto Açoriano de História)
								

