Investidura na Ordem do Santo Sepulcro regressa aos Açores 25 anos depois

Cerimónia realiza-se na ilha Terceira , na Sé e na Igreja de São Gonçalo, nos dias 14 e 15 de Dezembro. Seis açorianos vão ser investidos pela primeira vez e dois membros, residentes nos Açores, serão promovidos.

As cerimónias de velada de armas e investidura de novos cavaleiros e damas da Ordem do Santo Sepulcro, que serão presididas pela primeira vez pelo Bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, realizam-se nos próximos dias 14 e 15 de Dezembro, em Angra do Heroísmo, 25 anos depois de ter sido realizada a primeira e única investidura na região, da Ordem, que conta com cerca de 10 membros com residência fixa nas duas ilhas mais populosas do arquipélago.

 

“Consideramos que seria uma excelente oportunidade para reativar a delegação dos Açores na Lugar Tenência portuguesa, que de resto estava sem prior desde a morte de D. Aurélio Granada Escudeiro”, disse ao Portal da Diocese  Gonçalo Figueiredo de Barros, responsável máximo da Ordem em Portugal.

 

Aliás, o Prelado açoriano será investido no grau de Cavaleiro Grande Oficial, juntamente com mais cinco açorianos que receberão outras insígnias da Ordem, a saber, os Monsenhores José Avelino de Bettencourt e António Manuel Machado Saldanha e Albuquerque com o grau de Cavaleiro Comendador e os terceirenses  Luís Moules, Aurélio da Fonseca e Mário Toste com o grau de Cavaleiros.

 

O Pe. João Maria Mendes, um dos mais dinâmicos e antigos membros da Ordem na Região, será promovido a Comendador e Maria Serafina Simões passará a ser Dama de Comenda.

 

A Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém que em Portugal possui cerca de 260 membros, é uma associação de fiéis leigos aberta aos eclesiásticos, estabelecida com base no Direito Canónico, à qual é confiada, pelo Papa, a missão especial de assistir a Igreja da Terra Santa e de estimular nos seus membros a prática da vida cristã.

 

Nos últimos dez anos a Ordem angariou mais de 50 milhões de dólares, entre os seus membros espalhados pelos cinco continentes (embora em África exista apenas uma Delegação Magistral devido ao número reduzido de membros), nas suas 52 Lugares Tenências, para auxiliar a Igreja Católica do Patriarcado Latino, que superintende todas as Igrejas católicas de quatro países do Médio Oriente, sobretudo na construção de escolas, de seminários e de infraestruturas de apoio à minoria católica nestas paragens.

 

“É uma igreja sofredora onde mais de 99% dos seus membros são árabes, pobres e por serem católicos são duplamente perseguidos em Israel e nos países de maioria muçulmana” disse ao Portal da Diocese João Maria Mendes.

 

Da ordem fazem parte, sobretudo, pessoas influentes, “católicos integrados nas suas comunidades paroquiais e diocesanas”, comprometidos com a fé e a espiritualidade mas que ajudam materialmente a sobrevivência da Igreja Católica do Médio Oriente .

 

“Não percebo como é que não compreendem isso e até digam que tudo isto não passa de uma palhaçada”, disse João Maria Mendes para quem é “tão importante ajudar os pobres de cá como os de lá ou será que há pobres de primeira e pobres de segunda?, questiona. 

 

O cerimonial desta investidura obedece a um ritual complexo que começa com uma Vigília e Velada de Armas, presidido pelo Pe João Maria Mendes , cerimoniário eclesiástico, com exposição do Santíssimo, bênção das insígnias e capas dos Candidatos e entrega dos diplomas aos Cavaleiros e Damas que foram promovidos, assim como as condecorações concedidas, o que ocorrerá no dia 14 de Dezembro.

 

No dia seguinte segue-se a concentração e formação do Capítulo e procissão para a Sé de Angra com Cavaleiros, Damas e Candidatos. Na Missa Pontifical da Investidura, presidida por D. António de Sousa Braga, na Sé de Angra, serão investidos os novos Cavaleiros e Dama da Lugar-Tenência de Portugal.

 

“Não pode nem deve haver qualquer outra leitura em relação ao papel e à natureza da Ordem”, lembra Gonçalo Figueiredo de Barros que a propósito da imagem “deturpada” que uma cerimónia desta natureza possa ter, recorda as palavras do papa Francisco que presidiu à última convecção da Ordem e reforçou o “importante contributo” em termos materiais e espirituais para o Patriarcado Latino.

 

Na cerimónia de investidura que este ano regressa aos Açores, haverá ainda lugar para o descerramento da placa comemorativa das investiduras nos Açores, na capela afeta à Ordem no interior da Sé – Capela do Senhor dos Aflitos-, onde será colocado o estandarte da Delegação que ficará exposto permanentemente.

 

As origens da Ordem do Santo Sepulcro remontam à primeira cruzada cristã, quando o seu líder Godofredo de Bulhão, libertou Jerusalém do jugo infiel e em 1103 fundou a Ordem Canónica que tinha como responsável máximo o Rei Balduíno I. A Ordem incluiu sempre membros regulares e seculares bem como militares que se notabilizavam na reconquista cristã.

 

Em meados do século XIX, o Papa Pio IX modernizou a ordem e colocou-a sob a proteção direta da Santa Sé e confiou o seu Governo ao Patriarcado Latino.

Scroll to Top