Jubileu: Leão XIV evoca povos “atormentados pela guerra e pela exploração”

“Às portas da opulência jaz hoje a miséria de povos inteiros, atormentados pela guerra e pela exploração. Com o passar dos séculos, parece que nada mudou”, disse Leão XIV, na Missa a que presidiu na Praça de São Pedro, perante dezenas de milhares de pessoas.

Após a homilia, o pontífice instituiu como catequistas 39 leigos e leigas de 16 países, incluindo Rita Santos, de Lisboa, e Elisabete Nunes, de Aveiro.

Os catequistas instituídos neste ministério receberam do Papa o crucifixo como “sinal da sua vocação especial”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA, pelo Dicastério para a Evangelização (Santa Sé).

O grupo incluía responsáveis da Itália, Espanha, Inglaterra, Brasil, México, Índia, Coreia do Sul, Timor-Leste, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Estados Unidos, Moçambique, Brasil, Peru e República Dominicana.

A homilia partiu de uma passagem do Evangelho de São Lucas, na qual Jesus apresenta uma reflexão sobre pobreza e riqueza, com destaque para um pobre, chamado Lázaro.

“[Lázaro é esquecido por quem está à sua frente, mesmo à porta de casa, no entanto Deus está perto dele e lembra-se do seu nome. Não tem nome, porém, o homem que vive na abundância, porque se perde a si mesmo, esquecendo-se do próximo”, advertiu.

O Papa apontou as tentações da “ganância” e da “indiferença” perante o sofrimento alheio, apresentando o Jubileu como “tempo de conversão e perdão, de empenho pela justiça e de busca sincera da paz”.

“Quantos Lázaros morrem diante da sofreguidão que esquece a justiça, do lucro que espezinha a caridade, da riqueza cega diante da dor dos miseráveis! No entanto, o Evangelho assegura que os sofrimentos de Lázaro têm um fim.”

Citando o Papa Francisco, Leão XIV convidou os católicos a dar-se a si mesmos “pelo bem de todos”.

“O Evangelho anuncia-nos que a vida de todos pode mudar, porque Cristo ressuscitou dos mortos. Este acontecimento é a verdade que nos salva: por isso, deve ser conhecida e anunciada. Mas não basta. Deve ser amada: é este amor que nos leva a compreender o Evangelho, porque nos transforma, abrindo o coração à palavra de Deus e ao rosto do próximo”, acrescentou.

Em maio de 2021, o Papa Francisco decidiu instituir o ministério de catequista, na Igreja Católica, através da carta apostólica (Motu Proprio) ‘Antiquum ministerium’.

A decisão diz respeito a homens e mulheres que não pertencem ao clero nem a institutos religiosos, reconhecendo de forma “estável” o serviço que prestam na transmissão da fé, “desempenhado de maneira laical como exige a própria natureza do ministério”.

Leão XIV disse esta manhã que os catequistas devem ser “uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a própria vida”.

“O anúncio da fé não pode ser delegado a outros, mas acontece no lugar onde vivemos. Em primeiro lugar, nas nossas casas, à volta da mesa: quando há uma voz, um gesto, um rosto que conduz a Cristo, a família experimenta a beleza do Evangelho”, indicou.

“Enquanto crianças, adolescentes, jovens, depois como adultos e também como idosos, os catequistas acompanham-nos na fé, partilhando um caminho constante, como vós fizestes hoje, na peregrinação jubilar.”

O Papa assinalou que a fé comum, indicada no catecismo, “protege do individualismo e das discórdias”.

“Quando educamos na fé, não damos uma lição, mas plantamos no coração a palavra da vida, para que ela dê frutos de vida boa”, prosseguiu.

O Jubileu dos Catequistas decorreu em Roma desde sexta-feira, reunindo mais de 20 mil peregrinos de 115 países.

Mais de 800 catequistas de Portugal estiveram presentes, em representação das dioceses do país.

No final da Missa, o Papa saudou todos os que participaram nesta celebração jubilar dedicada aos catequistas, em particular os que foram instituídos para este ministério.

“Juntamente convosco, desejo enviar uma calorosa saudação aos catequistas de toda a Igreja espalhada pelo mundo. Agradeço-vos pelo vosso serviço à Igreja”, disse.

Leão XIV convidou a rezar, em particular, pelos catequistas que “trabalham em condições de grande dificuldade”.

Antes da recitação do ângelus, o Papa enviou uma mensagem de solidariedade às pessoas atingidas pelo “tufão de força excecional” na Ásia, em particular as Filipinas, a ilha de Taiwan, a cidade de Hong Kong, a região de Guangdong e o Vietname.

“Estou próximo das populações atingidas, especialmente as mais pobres, e rezo pelas vítimas, pelos desaparecidos, pelas numerosas famílias desalojadas, pelas muitas pessoas que sofreram dificuldades, e também pelos socorristas e pelas autoridades civis. Convido todos à confiança em Deus e à solidariedade: que o Senhor conceda força e coragem para superar todas as adversidades”, desejou.

Leão XIV percorreu a Praça de São Pedro, no final da celebração, celebrando os mais de 50 mil participantes desde o papamóvel, durante largos minutos.

(Com Ecclesia e Vatican Media)

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