Leão XIV: Da paz à comunicação, jornalistas Rosário Lira e Joaquim Franco destacam palavras e desafios do pontificado

Foto: Lusa/EPA

Os jornalistas Rosário Lira (Antena 1) e Joaquim Franco (TVI) comentam as primeiras palavras do Papa Leão XIV, de paz e desarmamento, e perspetivam o novo pontificado na Igreja Católica, no contexto do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025.

“Terá de ser agregador, evangelizador, e unificador. Eu creio que são estas três palavras que, do meu ponto de vista, poderão caracterizar este pontificado de Leão XIV, também com uma componente social muito evidente e muito importante para a Igreja”, disse a jornalista Antena 1, em entrevista à Agência Ecclesia.

Joaquim Franco, por sua vez, destaca “três desafios” que o próprio Papa sintetizou, primeiro a “dimensão social”, em segundo lugar “a união mantendo a diversidade”, que é “um desafio tremendo na Igreja neste momento, quando ele apela a uma Igreja sinodal, uma tarefa que assumiu com herança”, e a “fasquia muito alta” que Leão XIV colocou nos “processos de paz”, porque “sendo norte-americano poderá ter ferramentas inesperadas que poderão ajudar”.

O cardeal Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, foi eleito como Papa, no dia 8 de maio; na primeira audiência pública do novo pontificado encontrou-se com milhares de profissionais da Comunicação Social que acompanharam o Conclave, na segunda-feira seguinte (12 de maio), onde apelou à libertação dos jornalistas presos, e pediu “uma comunicação desarmada e desarmante”, no Auditório Paulo VI.

“Quando o Papa apela a um desarmamento das palavras, como tinha dito na Bênção Urbi et Orbi, quando coloca a voz, as palavras, no sujeito da ideia, ele está claramente a dar uma ideia do que pretende para a Igreja, e, através dessa responsabilidade da Igreja, aquilo que ele chamou na homilia da Missa inicial, esse fermento, contribuir para contagiar o mundo, que vive numa nova ditadura, a ditadura do algoritmo”, desenvolveu o coordenador e editor de Religião e Cidadania na TVI/CNN Portugal.

Rosário Lira assinala que outro aspeto “muito importante” que o novo Papa vem dizer é que “só os povos informados podem fazer escolhas livres”, por isso, “é preciso estar ao serviço da verdade, isso é fundamental”, salientando que Leão XIV fez também uma referência aos “567 jornalistas que estão presos” no mundo.

“Outra questão que vai ser absolutamente relevante no pontificado tem a ver com a integridade da informação e com a evolução da inteligência artificial, que é a outra achega que ele deixa ficar e para a qual o Vaticano está atento”, acrescentou a jornalista da Antena 1, considerando que “há muita ansiedade dentro da Igreja para uma definição nessa área e na comunicação social também, “porque esta verdade pode estar comprometida com a evolução da inteligência artificial”.

No Jubileu do Mundo da Comunicação, o primeiro grande evento do Ano Santo 2025, o Vaticano  recebeu jornalistas de 138 países, o Papa Francisco pedia que fossem “libertados todos os jornalistas presos injustamente; pois a liberdade dos jornalistas faz crescer a liberdade de todos”, no discurso entregue aos profissionais desse setor.

No Programa ECCLESIA, emitido esta segunda-feira na RTP2, os dois entrevistados comentaram também os apelos à paz de Leão XIV, começaram na primeira intervenção na varanda da Basílica de São Pedro, Rosário Lira considera que a sua forma “de ser e de estar metódico, organizado, muito concreto, muito objetivo”, vai “recentrar o papel da Santa Sé neste tipo de situação”.

“Este Papa poderá, sob o ponto de vista internacional, vir a ter um papel preponderante, como João Paulo II também de certo modo teve noutras circunstâncias, mas creio que podemos ambicionar um papel diferente da Santa Sé nessa mediação”, acrescentou.

Joaquim Franco destaca o facto de este Papa ser “norte-americano de nascença”, que parece que “é substancial” não só do ponto de vista interno, mas “na capacidade que pode ter de fazer pontes”, ao mesmo tempo, é “conhecedor da miséria das outras Américas”, o cardeal Robert Prevost foi missionário no Peru.

“Sendo um norte-americano também tem, possivelmente, a capacidade de mexer com a Igreja Católica nos Estados Unidos, e dessa forma, mexer com a sociedade americana. Neste momento, não há só uma voz da América, nos últimos meses tivemos alguém que pretendeu ser a voz da América, agora, particularmente nos Estados Unidos, a ver a importância que a comunicação social americana está a dar, há outra voz da América”, desenvolveu o coordenador e editor de Religião e Cidadania TVI/CNN Portugal.

(Com Ecclesia)