Liga Operária Católica reforça apelos em prol do «trabalho digno, justamente remunerado»

Movimento de Trabalhadores Cristãos critica falta de apoio aos desempregados e pensionistas no dia em que se sabe que metade da riqueza mundial está nas mãos de 85 pessoas .

A equipa nacional da LOC/MTC – Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos – reforçou hoje os seus apelos em favor de um “trabalho digno, justamente remunerado”, criticando a falta de apoio do Estado aos desempregados e pensionistas.  

 

“Os trabalhadores estão cada vez mais pobres, esmagados e sem condições de vida digna, sujeitos a grande pressão nos seus locais de trabalho pelas condições que lhe são impostas e sentem-se desmotivados, deprimidos e impelidos a aceitar, muitas vezes, situações que vão contra à sua dignidade”, denuncia a organização, em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

 

O documento critica a falta de apoio ao desemprego, “onde se encontra mais de um milhão de trabalhadores” em Portugal, “cada vez mais, reduzido e humilhante”, deixando muitas pessoas “sem condições de vida digna”.

 

Os responsáveis do movimento mostram-se solidários com as “angústias e as esperanças destes tempos tão difíceis”, fruto de situações de “injustiça laboral e social a nível local, nacional e internacional”.

 

“Por não encontrarem trabalho nem condições de poderem viver com dignidade no nosso país, muitos, principalmente os mais novos, estão a recorrer à emigração, procurando noutros países o que não encontram em Portugal”, sublinha a LOC/MTC.

 

A Liga Operária Católica afirma, por outro lado, que os pensionistas, “que trabalharam e descontaram toda a sua vida, numa base de confiança”, estão a ser “espoliados de parte das suas pensões, colocando e mantendo muitos abaixo dos níveis de pobreza”.

 

O comunicado aponta a “recessão económica e o ataque generalizado e rápido ao Estado Social” como consequência de políticas “impulsionadas pelo mercado financeiro”.

 

“O trabalho digno, justamente remunerado, é pilar fundamental do progresso, centrado no homem e na mulher, que prioriza a justiça social, a distribuição da riqueza e respeita a sustentabilidade dos recursos naturais”, concluiu a equipa nacional da LOC/MTC, que esteve reunida este sábado em Aveiro.

 

O comunicado da LOC/MTC vai na linha do que tem sido defendido pelo Papa Francisco, nomeadamente na Exortação Apostólica – A Alegria do Evangelho- e também na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, onde salientou “um grave aumento da pobreza relativa, isto é, de desigualdades entre pessoas e grupos que convivem numa região específica ou num determinado contexto histórico-cultural”.

 

O Papa reforçava a ideia de haver uma necessidade real de “políticas que sirvam para atenuar a excessiva desigualdade de rendimento”  e promovam uma “fraternidade para vencer a pobreza”.

O santo Padre deixava ainda criticas à “cegueira dos mercados” que punha em causa a dignidade humana e a verdadeira fraternidade.

 

Hoje sabe-se que metade da riqueza mundial está nas mãos de 85 pessoas e equivale à soma das posses de metade da população mundial, revela um relatório elaborado pela ONG britânica Oxfam para ser apresentado no Fórum Económico Mundial que se reúne uma vez por ano, em Davos.

 

De acordo com o relatório Working for the Few (“Trabalhando Para Poucos”, em tradução livre), citado hoje pela BBC Brasil,  as 85 pessoas mais ricas do mundo detêm um património de 1,7 biliões de dólares, o que equivale às posses de 3,5 mil milhões de pessoas, as mais pobres do mundo.

 

O relatório afirma, ainda,  que a riqueza do 1% das pessoas mais ricas do mundo equivale a um total de 110 biliões de dólares, 65 vezes a riqueza total da metade mais pobre da população mundial.

 

O documento da Oxfam observa ainda que, nos últimos 25 anos, a riqueza ficou cada vez mais concentrada nas mãos de poucos.

 

Este fenómeno global «levou a uma situação na qual 1% das famílias» são detentoras de «quase metade (46%)» da riqueza mundial, segundo afirma o documento.

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