Bispo de Angra preside a celebração no Corvo, a mais pequena ilha do arquipélago

O bispo de Angra presidiu hoje à Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria ao Céu no Corvo, na principal festa da ilha em torno de Nossa Senhora dos Milagres, e pediu aos corvinos que com o seu entusiasmo e compromisso possam ser exemplo para comunidades espiritualmente enfraquecidas, como Maria é para a Igreja.
“Este ano foi bem o exemplo de como esta comunidade de batizados cresceu com o empenho dos leigos e a ajuda de sacerdotes que vieram celebrar os sacramentos e ajudar-vos a crescer” afirmou D. Armando Esteves Domingues que aproveitou a circunstância da ilha ter vivido quase um ano sem pároco residente para sublinhar a importância das comunidades se empenharem para que a Igreja continue viva.
“A Igreja, olhada da perspetiva de Maria, é antes de mais um povo de batizados, todos iguais em dignidade: ninguém nasce padre, bispo, pai ou mãe, faz-se na atenção à Palavra de Deus e por graça de Deus. Maria não foi padre, mas foi mais que qualquer um dos apóstolos. Foi evangelizadora pelo seu testemunho: uma verdadeira leiga!” afirmou o prelado diocesano que regressou ao Corvo, na principal festa da ilha mais pequena do arquipélago, depois de já ter estado em 2023, no primeiro ano em que chegou à Diocese.
“Vejo as diferenças para melhor em relação há dois anos atrás. Maria é mesmo Senhora dos Milagres. Naquilo em que somos protagonistas, crescemos e fazemos crescer” destacou o bispo de Angra.
“A sinodalidade entendida aponta para cada um dar na Igreja e no mundo o melhor de si para que Cristo seja o centro e vença o mal” disse ainda recordando que cada um cresceu na fé para ser chamado a uma vocação, a ser participante e corresponsável nas tarefas e vida da comunidade cristã.
“ Quero deixar um agradecimento aos sacerdotes que se foram voluntariando para aqui vir durante o ano, mas sobretudo a vós, homens e mulheres, jovens e crianças desta pequena ilha, que não é para mim menor que qualquer outra. Apenas uma das 165 gémeas, quantas as paróquias” frisou.
“Que esta festa nos traga o grande milagre que ajuda a mudar tudo: Cristo que, nos seus braços nos é oferecido. Jesus é o Seu primeiro e grande milagre”, disse.
A homilia foi marcada por um apelo à paz no mundo, que não ignorou o momento atual. Com particular emoção, pediu orações pelo fim da guerra na Ucrânia: “Peçamos-lhe que toque o coração sobretudo da Rússia, EUA, Ucrânia e todos aqueles de quem mais depende esta guerra.”
“Com fé, peçamos-lhe hoje o milagre da paz na Ucrânia”, disse.
A concluir, o Bispo reforçou a dimensão missionária e peregrina da Igreja, exortando todos a darem “o melhor de si para que Cristo seja o centro e vença o mal”, destacando que a surpreendente fecundidade da estéril Isabel confirmou Maria na sua confiança, antecipando a fecundidade do seu “sim”, que se prolonga na fecundidade da Igreja e de toda a humanidade, quando a Palavra renovadora de Deus é escutada e acolhida.
“Ela deixa uma mensagem poderosa quando canta no Magnificat e diante de Isabel, a vitória do mundo novo, para uma vida imortal” afirmou D. Armando Esteves Domingues ao sublinhar que este cântico de Maria “fortalece na esperança os humildes, os famintos”, “dispersa os arrogantes, converte-os todos ao seu amor” e derruba “os poderosos, aqueles que contam, que pensam dominar tudo e todos” pondo “fim à comédia deste mundo, em que os homens lutam para dominar, e assim criam um mundo de morte (guerra, fome, injustiças…)”.
A festa, que já se iniciou com uma novena (que decorreu desde o dia 6 até 12 de agosto), com oração do Terço e Missa com pregação do padre Bruno Esteves Rodrigues, que mobilizou, ainda, seis jovens para a celebração do sacramento do Crisma. Hoje, foi igualmente feita uma homenagem às vítimas do naufrágio da lancha Francesa, com procissão de velas até ao Porto do Boqueirão.
A 13 de agosto de 1942, 17 peregrinos que iam das Flores a bordo da lancha “Francesa”, faleceram após o naufrágio da embarcação.
Bispo de Angra preside à solenidade da Bem-Aventurada Virgem Maria no Corvo