Mariana Cabral destaca “Maria, a Influenciadora do Céu” no décimo Diálogo do Tempo em Angra

“Onde Maria chega, os corações mudam”, afirmou

Foto: Igreja Açores/RH

Maria continua a ser uma influencer não por palavras mas pela coerência de vida, acessível a qualquer cristão nos desafios do quotidiano, afirmou esta noite Mariana Cabral, oradora no X e último Diálogo do Tempo, que se realizou no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo.

“Maria foi uma mulher como nós, que viveu o trabalho, a família, as dificuldades e alegrias de cada dia”, afirmou a oradora, membro do Opus Dei, lembrando que a santidade “começa no pequeno, nas tarefas mais simples e discretas” da vida quotidiana.

A enfermeira, casada e mãe de dois filhos, apresentou  uma reflexão intitulada “Maria, a Influencer do Céu”, centrada na atualidade espiritual do exemplo da Mãe de Jesus.

Perante uma assembleia maioritariamente composta por famílias e mulheres, a oradora destacou cinco traços concretos inspirados na vida de Maria e que, segundo afirmou, podem orientar o estilo de vida cristão atual: “Simplicidade de vida”, “profissionalismo e competência”, “atenção às necessidades dos outros”, “coragem diante das dificuldades” e “temperança e capacidade de guardar no coração”.

“Uma ação vale mais do que mil palavras”, recordou, indicando que o testemunho silencioso tem hoje mais força do que qualquer publicação nas redes sociais. Por isso, disse, Maria é “a primeira influenciadora”, aquela que aponta sempre para Cristo e cuja presença inspira a transformação interior.

A oradora recuperou um episódio histórico pouco conhecido relativo ao Fórum UNIV de 1980, quando um jovem universitário observou ao Papa São João Paulo II que na Praça de São Pedro faltava a presença de Nossa Senhora. O Santo Padre concordou e, meses depois, após sobreviver ao atentado de 1981, determinou a colocação de um mosaico mariano – inspirado na Madonna della Colonna – inaugurado a 7 de dezembro de 1981, véspera da solenidade da Imaculada Conceição. Para João Paulo II, relatou Mariana Cabral, a Praça ficou então “completa”.

A reflexão abordou também a dimensão espiritual da maternidade de Maria, recordando o que afirma o Catecismo da Igreja Católica sobre o papel de intercessão da Virgem (ponto 969). “Maria não influencia para ser popular, mas para conduzir ao essencial: Jesus Cristo”, afirmou.

Num tom de apelo pessoal, a conferencista desafiou os presentes a refletir sobre a própria coerência de vida: “Sou a mesma pessoa dentro e fora da Igreja? O meu testemunho fala mais alto do que as minhas palavras?”

Para Mariana Cabral, a autenticidade do quotidiano  – no trabalho, na família, nas relações e responsabilidades diárias – é a forma mais eficaz de evangelização: “Há muitas pessoas para quem o único Evangelho que vão ler é a nossa vida”.

A intervenção percorreu, ainda, áreas concretas onde o exemplo de Maria pode inspirar transformação: na família, através da atenção, da presença e da educação com ternura e firmeza; nos jovens, mostrando que “Deus tem sempre sonhos maiores do que os nossos” e na Igreja, promovendo unidade, acolhimento e serviço sem procurar reconhecimento.

A oradora recordou finalmente que “todas as grandes conversões marianas do mundo — Lourdes, Fátima, Guadalupe, Aparecida — mostram que onde Maria chega, os corações mudam”.

No final do encontro, o bispo de Angra agradeceu o trabalho realizado ao longo das dez sessões dos Diálogos no Tempo, reconhecendo o contributo da organização – em particular do Instituto de Cultura Católica da Diocese e do Grupo do Jubileu – que dinamizaram iniciativas diversificadas ao longo do Ano Jubilar.

D. Armando Esteves Domingues sublinhou vários marcos do ano, como a Aldeia da Esperança, dirigida à juventude, os jubileus setoriais realizados em vários santuários e o percurso sinodal vivido pela Diocese. Considerou que os Diálogos do Tempo ajudaram a “aproximar fé e cultura, fé e ciência, fé e família, fé e saúde”, permitindo olhar para a sociedade com esperança.

Lamentou que, no quotidiano, tantas vezes se privilegie o consumo de notícias negativas, esquecendo a beleza e os sinais de esperança presentes na vida das pessoas e da Igreja.

“Talvez faltem algoritmos que nos tragam mais coisas belas às nossas casas”, disse, sublinhando que Maria é um desses sinais luminosos.

O Bispo de Angra revelou ainda que o trabalho desenvolvido ao longo deste ano — e que contemplou setores dentro e fora da Igreja — contribui para preparar a Diocese para o futuro próximo, nomeadamente após as comemorações dos 500 anos.

O prelado diocesano destacou que os encontros foram sempre espaços abertos “a crentes e a homens e mulheres de boa vontade”, refletindo o desejo de uma Igreja em diálogo com a cultura contemporânea. Recordou que Maria aponta sempre para Cristo, afirmando: Se perguntássemos a Maria o que nos diria, teria apenas uma palavra: Jesus.”

O Bispo concluiu agradecendo o percurso feito e expressou o desejo de que a Diocese continue a cultivar, nos campos da cultura, da história, da arte e da vida social, esta dinâmica de diálogo e testemunho.
“Façamos Cristo vencer também através de nós”, apelou.

A sessão terminou com uma interpretação musical pela organista Olga Liza, que interpretou alguns apontamentos da obra de Bach.

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