A Escola contou este ano com cerca de 100 inscritos e uma média de 75 participantes em cada sessão

Todos os sábados de quinze em quinze dias, das 9h00 às 12h30, um grupo diverso de vozes e histórias reúne-se num espaço que tem vindo a mudar a animação litúrgica de muitas celebrações nas paróquias da diocese, sobretudo em São Miguel. A Escola Diocesana de Música Sacra, um projeto formativo que une o canto à liturgia e, opcionalmente, à formação musical, oferecendo uma base essencial às paróquias da Diocese terminou no passado dia 5 de julho, o primeiro ano letivo que envolveu cerca de 100 pessoas que aprofundaram os conhecimentos em liturgia, formação de coro e formação musical com três opções formativas especificas em direção de coro, salmistas e organistas.
Entre os participantes está Iuri Medeiros, futuro estudante de medicina e músico multifacetado.
“Não há outro amor como este. A música é uma paixão”, partilha. Iniciou-se no violino, no Conservatório Regional de Ponta Delgada, onde esteve durante dois anos. Mas o estilo académico do Conservatório não o seduziu e fez uma pausa. O regresso foi marcado primeiro pelo violão no Grupo de Jovens da Saúde, na paróquia dos Arrifes, mas a descoberta do piano e do órgão despertou outro entusiasmo, tão grande quanto o seu envolvimento na banda de garagem que tem com amigos.

“Tem sido fácil, os ensaios são em dias diferentes e estou sempre disposto a novas experiências” afirma destacando que a formação musical de que tem beneficiado na Escola Diocesana de Música Sacra o tem ajudado a discernir melhor e até a tocar melhor seja na Igreja seja na banda de Garagem que tem com amigos.
A escola, para além da formação técnica, é um espaço de crescimento humano: “Junta pessoas com histórias muito diferentes. Aprendemos a viver a música litúrgica e a criar laços.” Para Iuri, ser um dos mais novos do grupo tem sido uma bênção: “Sou acolhido pelas vozes mais experientes e cresço mais como pessoa do que como cantor.”
“A música sacra é uma forma de lovar a Deus e o nosso coração fica mais próximo Dele; eleva-nos”, diz este jovem que no próximo ano ingressará em medicina, na Universidade dos Açores.
O padre Marco Luciano, responsável pelo projeto, faz , por seu lado, um balanço muito positivo.
“Ter uma formação permanente em canto litúrgico é crucial. Há motivação e gosto em participar.” Destaca, no entanto, a falta de formadores, especialmente para salmistas, e a necessidade de reforçar a formação específica para diretores de coro e organistas.
“Esta formação específica é exigente e temos de a reformular depois deste primeiro ano, aumentando o número de horas e também no número de formadores de tal maneira que possam acompanhar mais de perto todos os envolvidos”, afirma.
“É preciso formarmos organistas para as paróquias; estamos a ficar sem organistas e, por isso, mesmo que não haja uma formação tão aprofundada como no Conservatório é possível formar alguém que tenha conhecimentos musicais, propor-lhe o inicio de uma caminhada a nível do órgão e fazer um acompanhamento mais detalhado, refere.

As inscrições para a Escola de Música Sacra- São Miguel, já se encontram aberta para a inscrição para o próximo ano e podem ser realizadas online, através da página de Facebook da Comissão Diocesana ou em comissaomusicasacra.azores@gmail.com
Tomás Ferreira é um dos professores da Escola Diocesana de Música Sacra.
“O ensino tem de ser mais próximo e adaptado a vários níveis” , mas o balanço é “muito positivo”, afirma o docente que também integra a Comissão Diocesana de Música sacra.
“Estes alunos são células fundamentais dentro dos grupos paroquiais” afirma lembrando o desempenho que tiveram nas Festas do Senhor Santo Cristo.
“Sentimos, cada um ao seu ritmo e com o seu grau de progressão, que o que fazemos na escola tem de ter repercussões na vida das comunidades” adianta ainda salientando o empenho e o acolhimento da paróquia da Matriz de São Sebastião que “desde a primeira hora disponibilizou o espaço e as condições para a concretização deste projecto”.

Tomás Ferreira salienta ainda o envolvimento dos sacerdotes, que devem “estar mais conscientes da importância da Música na liturgia” e, por outro lado, uma aposta mais efetiva na formação especifica que deve ser ainda “mais próxima e aturada”.
“ Quando nós estamos a ensinar aprendemos com os que estão à nossa frente na expectativa de que também aprendam connosco e o coro, por exemplo, é o melhor exercício de trabalho de grupo que existe: o coração bate ao mesmo ritmo e temos de estar todos ao mesmo ritmo”, disse.
A visão para o futuro inclui ensino à distância, a criação de pequenas escolas de ouvidoria em cada zona da ilha e a celebração do jubileu dos coros com a reunião de representantes de todas as ouvidorias de São Miguel.
“É urgente que abracemos com motivação o desafio de formar quem canta, quem dirige, quem toca,
para que, de facto, a música esteja ao serviço da oração litúrgica” afirma o padre Marco Luciano Carvalho.
“A Escola Diocesana de Música Sacra, criada recentemente na nossa Diocese, é uma oportunidade extraordinária que temos à nossa disposição. Com um grupo de formadores qualificado e uma estrutura pensada para responder às reais necessidades das paróquias, a Escola Diocesana de Música Sacra oferece formação em áreas fundamentais como canto litúrgico, direção coral, órgão, salmistas e fundamentos da Liturgia” conclui o sacerdote que já esta semana publicou aqui no Sítio Igreja Açores um texto a apelar as comunidades paroquiais a inscreverem-se na Escola de Música sacra, sobretudo pessoas das ouvidorias do Nordeste, Povoação e Fenais da vera cruz, as únicas três s ouvidorias de São Miguel que não têm participantes na Escola Diocesana de Música Sacra