O Papa alertou hoje, no Vaticano, para a tentação de “autossuficiência”, afirmando que “ninguém se pode salvar sozinho”.
“Nenhum de nós é autossuficiente. Ninguém se pode salvar sozinho. A vida consuma-se não quando somos fortes, mas quando aprendemos a receber”, referiu Leão XIV, na catequese da audiência pública semanal, que reuniu milhares de pessoas na Praça de São Pedro.
A reflexão partiu de uma passagem do Evangelho de São João, que relata as últimas palavras de Jesus na cruz: ‘Tenho sede’ e ‘Está consumado’.
“São palavras finais, mas carregadas de uma vida inteira, que revelam o sentido de toda a existência do Filho de Deus”, indicou o pontífice.
“Na cruz, Jesus ensina-nos que a realização humana não se alcança pelo poder, mas pela abertura confiante aos outros, mesmo quando hostis e inimigos. A salvação não reside na autonomia, mas em reconhecer humildemente as próprias necessidades e saber exprimi-las livremente.”
Leão XIV realçou que, na cruz, Jesus “não aparece como um herói vitorioso, mas como um mendigo de amor”.
“A sede do Crucificado não é apenas a necessidade fisiológica de um corpo torturado. É também, e sobretudo, a expressão de um desejo profundo: o de amor, de relação, de comunhão”, sustentou.
O Papa falou do “grito silencioso” de um Deus que viveu a condição humana.
“Um Deus que não se envergonha de implorar por um gole, porque neste gesto Ele diz-nos que o amor, para ser verdadeiro, deve também aprender a pedir e não apenas a dar”, acrescentou.
“Vivemos numa época que preza a autossuficiência, a eficiência e o desempenho. No entanto, o Evangelho mostra-nos que a medida da nossa humanidade não é o que podemos conquistar, mas a nossa capacidade de nos deixarmos amar e, quando necessário, até mesmo ajudar.”
No final da audiência geral, o Papa cumprimentou os participantes, incluindo os grupos vindos de Portugal e do Brasil.
“Jamais devemos envergonhar-nos de pedir: todos nós temos necessidade do Senhor e da sua graça. Peçamos-lhe a água viva que sacia a nossa sede de Deus. Deus vos abençoe!”, disse aos peregrinos de língua portuguesa.
Na saudação aos grupos da Polónia, Leão XIV desejo que “setembro seja um mês de oração pelas crianças e jovens que regressam à escola e por aqueles que cuidam da sua educação”.
“Peçam para eles, pela intercessão dos beatos, e em breve santos, Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, o dom de uma fé profunda no seu caminho de amadurecimento”, acrescentou.
O Papa evocou ainda a memória litúrgica de São Gregório Magno, cujo corpo repousa na Basílica de São Pedro.
“Este Papa é chamado de ‘o Grande’ pela sua excecional atividade como pastor e mestre da fé em tempos muito difíceis para a sociedade e para a Igreja: uma grandeza que encontrava a sua força na confiança em Cristo”, afirmou.
Leão XIV deixou, no final da audiência, um apelo em favor da população do Sudão.
(Com Ecclesia e Vatican Media)