Natural da Ribeira Seca na Ribeira Grande, o padre Agostinho Lima está desde 1976 nesta ouvidoria
O padre Agostinho Lima é um dos sacerdotes que este ano celebra o jubileu da ordenação presbiteral, completando as bodas de ouro. Este domingo a ouvidoria do Nordeste, associada às entidades civis do concelho, promoveu uma homenagem que envolveu todas as associações culturais, desportivas e recreativas bem como todos os movimentos da igreja neste lugar da ilha de São Miguel.
Os festejos começaram com a celebração de uma eucaristia na Igreja Matriz da Vila do Nordeste, onde o sacerdote é pároco, concelebrada por inúmeros padres da ilha.
Em representação do bispo de Angra, o Vigário-geral, cónego Gregório Rocha, salientou a “vontade e dedicação ao serviço” do sacerdote, sobretudo no empenhamento das causas sociais.
“O seu entusiasmo pelo Concílio Vaticano II, a sua preocupação em absorver tudo o que de lá veio e a vontade de trazer esses ensinamentos para a vida pastoral são a marca distintiva do seu ministério” afirmou o cónego Gregório Rocha, que era seminarista na altura da ordenação do padre Agostinho Pinto. Nesse ano foram ordenados 4 novos presbíteros na diocese por D. Aurélio Granada Escudeiro, que estava no início do seu episcopado nos Açores. Desses quatro, um já faleceu.
“Neste momento só podemos expressar a nossa gratidão, a gratidão de toda a Diocese pela dedicação e pela vontade de serviço” explicitou ainda o Vigário-geral, que, do ponto de vista pessoal, brincou com o facto de dois dos sacerdotes deste curso de 74, serem grande entusiastas do futebol o “que fazia com que, nas noites de domingo, os jantares no Seminário fossem mais animados”.
Durante a homilia desta celebração o padre Agostinho Lima afirmou que se trata de uma “ocasião especial para louvar a Deus por me ter segurado a vida” sempre “com a consciência da minhas limitações”.
“Do mal ficam as mágoas e do bem as saudades” afirmou ainda recordando e agradecendo à família, às paróquias e “aos sacerdotes que aqui me acolheram e que me foram indicando o caminho”. Mas o seu maior agradecimento vai sobretudo para o “Povo de Deus”, expressão conciliar da constituição Lumen Gentium, que continua a ser para o sacerdote um texto inspirador.
“Esta comemoração (Solenidade de Pentecostes) permite-nos tomar consciência de que a nossa vida está amparada, não estamos sós e sentimo-nos impulsionados a abandonar os cenáculos” e a “vencer os medos que também hoje nos encurralam”, disse por outro lado a propósito da liturgia proclamada no domingo de Pentecostes, cujas celebrações se estendem de forma particular no arquipélago dos Açores.
O sacerdote sublinhou que “a diversidade de carismas e a diversidade de ministérios, o que nos leva a combater o monolitismo de uma Igreja hierárquica” e ajuda a “reiniciar o caminho a partir da Palavra de Deus”.
A celebração, muito participada, foi seguida de uma procissão até á Escola Básica e Integrada do Nordeste onde decorreu um jantar, oferecido pela Câmara Municipal do Nordeste, com mais de meio milhar de pessoas, no qual participaram representantes do Parlamento e do Governo Regional dos Açores bem como os autarcas do concelho.
O ouvidor, padre Valter Correia, afirmou que o padre Agostinho Lima é “uma referência fundamental para o povo do Nordeste, que é também o seu povo”.
“É importante que lhe diga que o senhor tem um enorme espaço no nosso coração”, disse.
Já o padre Roberto Cabral, natural da Fazendo do Nordeste e que este ano também celebra 25 anos de ordenação sacerdotal e por isso é um dos sacerdotes que vive de forma especial este Jubileu, percorreu a biografia do padre Agostinho Lima, destacou as várias facetas do “sacerdote, professor e formador que irradiou empatia, curou feridas, aqueceu os corações e ajudou muita gente” , dedicando-se sempre à defesa do Nordeste.
O presidente da autarquia, António Miguel Soares, salientou a “presença ativa no concelho” que “não se limitou à vida religiosa” mas ajudou a construir “o tecido social do Nordeste onde foi parte decisiva” através “do saber, da palavra firme e da presença concreta”.
“ Estamos diante de alguém que marca, que deixa rasto e não deixa ninguém indiferente” disse anunciando para breve a atribuição do título de Cidadão Honorário do Nordeste pelo reconhecimento da sua ação pastoral, o seu papel na formação de várias gerações e o empenho na vida social.
Em representação do Governo Regional, Berta Cabral, Secretária Regional das Infraestruturas e Turismo, destacou “meio século ao serviço de uma comunidade mais justa e mais fraterna assente nos valores cristãos”.
“A fidelidade na vocação, a alegria do serviço e a dedicação ao bem comum, sem nunca perder a sua verticalidade e humildade” foram características apontadas por Berta Cabral.
O último a usar da palavra foi Joaquim Machado, em representação do presidente do Parlamento Regional.
“A sua liderança pastoral foi um farol para muitas pessoas” afirmou o vice-presidente da Assembleia Legislativa dos Açores que chegou a ser paroquiano do padre Agostinho Lima durante a primeira provisão que o sacerdote teve nas paróquias de São Pedro e São Roque, em Ponta Delgada, logo depois da ordenação sacerdotal, ainda antes de ser colocado no Nordeste.
Esta quinta-feira, por proposta do Grupo Parlamentar do PSD Açores, foi aprovado no parlamento regional, por unanimidade um voto de congratulação pelos 50 anos de sacerdócio do padre Agostinho Lima.
Nascido a 6 de julho de 1952, na Ribeira Seca da Ribeira Grande, em 1963 ingressou no Seminário do Santo Cristo em Ponta Delgada. Foi ordenado em 1975. O sacerdote foi ouvidor eclesiástico do Nordeste durante mais de 30 anos, assistente do CNE, Capelão da Santa casa da misericórdia do Nordeste e do centro de Saúde e ainda um dos fundadores da Escola profissional do Nordeste, instituição a que esteve ligado entre 2008 e 2024.