Nova tradução para o livro de Daniel, com “acontecimentos e visões” da época do exílio, chega aos leitores

“Nos capítulos 7 a 12 (designados como ‘Apocalipse de Daniel’), o protagonista – Daniel – torna-se depositário de um conjunto de visões de cariz apocalíptico, que dizem respeito ao desenrolar da História humana e à sua periodização com a intervenção salvífica de Deus”, refere a nota de apresentação, enviada à Agência ECCLESIA.

Os especialistas convidados pela CEP destacam o “alargado consenso acerca do carácter ficcional tanto da personagem como das histórias relatadas”.

“Trata-se de um tipo de literatura destinado a cultivar a fidelidade ao Deus de Israel e à sua Lei, bastante popular entre os judeus que viviam na diáspora e que todos os dias eram convidados a abandonar os valores culturais e religiosos dos seus antepassados”, precisa a nota.

A todos aqueles que se veem confrontados com o mal e as suas devastadoras consequências, os catequistas de Israel deixam uma clara mensagem de esperança: Deus está presente e ativo na História dos homens e terá sempre a palavra definitiva”.

Os tradutores destacam a importância das “visões a respeito do sentido da História e da ressurreição gloriosa que espera os justos” para a teologia cristã.

“Inspirada pelo teor messiânico e cristológico das visões, a Igreja, seguindo a Bíblia judaica de Alexandria, isto é, a tradução dos Setenta, acolheu a classificação de Daniel, não na secção dos Escritos, como aparece no cânone hebraico, mas na dos Profetas, formando, com Isaías, Jeremias e Ezequiel, o núcleo dos Profetas Maiores”, assinalam.

A primeira parte do livro de Daniel (1,1-6,29) contém o relato da vida de um grupo de judeus na corte da Babilónia, após serem levados de Jerusalém para o exílio por Nabucodonosor (605-562 a.C.).

A versão está disponível na página de internet da Conferência Episcopal Portuguesa e os comentários, os contributos dos leitores, no sentido de aperfeiçoar a sua compreensibilidade, podem ser enviados para o endereço eletrónico biblia.cep@gmail.com.

Desde agosto de 2021, um novo livro da Bíblia é disponibilizado mensalmente em formato digital.

O padre Mário de Sousa, coordenador da Comissão da Tradução da Bíblia, fala numa “aposta ganha”, referindo que têm chegado “ecos muito positivos” dos leitores.

“As pessoas leem os livros, às vezes referindo que nunca o tinham feito. O facto de o poderem fazer, só por isso, já é uma aposta ganha”, indica à Agência ECCLESIA.

Em março de 2019, a Conferência Episcopal Portuguesa apresentou o primeiro volume da nova tradução da Bíblia em português feita por 34 investigadores a partir das línguas originais, com a publicação da edição de ‘Os Quatro Evangelhos e os Salmos’.

(Com Ecclesia)

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