Novo diretor da Pastoral da Cultura defende maior intervenção no diálogo com a sociedade

José Carlos Seabra Pereira sublinha importância de promover «partilha de visões do mundo»

O novo diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura SNPC), defende que Igreja Católica deve procurar ir sempre mais longe no diálogo cultural com a sociedade, promovendo a “partilha de visões do mundo”.

“É um papel importantíssimo que em grande parte a Igreja tem vindo a desenvolver, muitas vezes com uma perceção insuficiente no âmbito mais geral da sociedade civil, e que tem não apenas como património, mas como potencialidade de formação integral de cada indivíduo, da sua vida em comunidade”, disse à Agência ECCLESIA José Carlos Seabra Pereira.

Para o diretor do SNPC, a Igreja neste diálogo e reflexão com a sociedade, para além do “grande dinamismo” já demonstrado, pode “ir mais longe”, concretamente no debate de ideias “não apenas dos grandes temas e problemas contemporâneos” mas também nas facetas éticas e estéticas.

Segundo o entrevistado, o trabalho do SNPC “já se notabilizou”, mas conservando tudo o que tem de bom pode ter “uma maior visibilidade” que se traduza em incentivo na sociedade, num “domínio por excelência aberto”.

Nesse sentido, José Carlos Seabra Pereira observa que como noutras áreas, onde a Igreja já trabalha e tem “consolidado um espírito de abertura e proximidade”, também na cultura pode existir a partilha de razões para “encontrar um sentido fulgurante” para a vida.

No diálogo com a sociedade portuguesa, desenvolvido ao longo de vários séculos, a Igreja estabeleceu uma relação de diálogo, adaptação e criação, e hoje um dos desafios específicos é a mudança de perfil.

“A Igreja há muito tempo que não merece a imagem que, muitas vezes, querem continuar a impor de refratária às mudanças ou de alheamento”, alerta o diretor do SNPC, para quem a Igreja não quer ser “dominadora” mas “inspiradora, colaboradora”.

Na área da cultura, a iniciativa pode ser feita com “mais frequência”, porque encerra “as riquezas próprias” que deve propor à sociedade portuguesa: “Orientações, modos de ver as questões que a inquietam e contribuir para a discussão das ideias.”

“Apesar das dificuldades socioeconómicas, temos potencialidades para um dia a dia com sentido e valor ético e estético”, comentou.

Para José Carlos Seabra Pereira, o facto de os bispos portugueses terem escolhido vários leigos para cargos anteriormente ocupados por sacerdotes tem um “significado não deve ser escamoteado”, sendo um sinal “muito positivo”.

No seu caso em particular, revelou que esta é uma missão “muito grata”, “um prémio de Deus”, porque é uma área que faz parte do seu “empenhamento quotidiano”.

“Uma missão, ao mesmo tempo ao serviço da Igreja e da cultura para ser exercício enquadrado e dirigido à sociedade do meu país”, observou o novo diretor SNPC.

O ex-presidente do Centro Académico de Democracia Cristã (CADC) e ex-presidente da Federação Internacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio, substitui no cargo o padre José Tolentino Mendonça.

“Os antecedentes foram magníficos mas essas responsabilidades não me vão acabrunhar, foi com entusiasmo que aceitei essa opção tão tocante e vou procurar corresponder o melhor que puder”, assinalou.

José Carlos Seabra Pereira nasceu no Luso em 1949, é licenciado em Filologia Românica pela Universidade de Coimbra, onde é professor, e doutorado pela Universidade de Poitiers (França) e pela Universidade de Coimbra.

CR/Ecclesia

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