O esforço da Confederação Operária Terceirense é proporcionar uma verdadeira experiência de vivência familiar aos mais vulneráveis

O Natal no projeto Novo Rumo- Abrigo Amigo, da Confederação Operária Terceirense, será vivido com o calor, a partilha e a dignidade de qualquer lar. Quem o garante é a diretora técnica Egla Alves, que explica que, nesta casa, a quadra natalícia é pensada para que todos os utentes se sintam verdadeiramente em família.
“Temos sempre a ideia de que as épocas festivas têm de ser vividas como em casa”, sublinha Egla Alves. E assim será já na noite de 24 de dezembro, com uma ceia de Natal adaptada ao gosto dos mais jovens: bacalhau de natas, muitas sobremesas e uma mesa farta, graças também à generosidade de vários donativos.
No dia 25, o espírito continua com o tradicional almoço de Natal, que contará novamente com a presença bispo de Angra, amigo da instituição, que “faz questão de partilhar este momento com todos”. Um dos pontos altos será a troca de prendas, preparada com especial cuidado.
“Cada utente recebe uma prenda personalizada, escolhida de acordo com aquilo que gosta ou precisa. Achamos isso fundamental para que se sintam únicos e valorizados”, explica a diretora técnica. Entre ofertas da casa e de pessoas solidárias, cada utente terá as suas ofertas.
Ao longo da semana natalícia, não faltarão atividades que aquecem o coração: lanches especiais, bolachas de Natal feitas em conjunto, filmes com pipocas e momentos de convívio abertos a quem quiser visitar a instituição.
“Eles já sabem que nessa semana há sempre lanche da tarde, e isso faz toda a diferença”, conta Egla Alves.
Outro gesto simbólico e cheio de significado acontece à mesa: todas as mesas são unidas numa só, colaboradores e utentes comem juntos, sem distinções.
“Nesse momento somos todos iguais. Eles sentem-se tão acolhidos que depois ajudam a arrumar e a limpar. Cria-se um espírito muito bonito”, afirma.
Para levar esperança aos utentes, a equipa aposta na partilha genuína. Muitos colaboradores trazem familiares para estes momentos, reforçando a ideia de que, no Novo Rumo, a família é simplesmente maior.
“Às vezes deixamos um pouco a nossa família para trás, porque eles também são a nossa família”, diz Egla Alves.
Este ano, há ainda uma novidade solidária: um serviço de encomendas de Natal, dinamizado pelas colaboradoras da casa, que ajuda a angariar fundos para melhorar as prendas e proporcionar atividades extra, como passeios ou um café fora da instituição.
“É uma forma de fazermos mais e melhor por eles”, explica.
Com a casa decorada, mesas partilhadas e um espírito de verdadeira união, o Natal no Brigo Amigo promete ser, acima de tudo, um Natal vivido com dignidade, afeto e esperança.
O Novo Rumo (Abrigo Amigo) iniciou a sua atividade em agosto de 1995, com o fim de preencher uma lacuna sentida ao nível das respostas à problemática das pessoas sem-abrigo ou em exclusão social.
Tem como objetivo garantir as necessidades básicas de subsistência (alojamento, alimentação, higiene, vestuário e cuidados de saúde); trabalhar a reintegração social, promovendo a ocupação criativa de acordo com as motivações e potencialidades individuais; procurar meios ou espaços de realização e de qualificação profissional.
Esta valência alberga indivíduos autónomos do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos.
Quase 20 anos mais tarde foi criado o “Rumo Certo” que é uma residência de autonomização, que começou a funcionar em fevereiro de 2016, cuja missão é ajudar a promover a autonomia individual do sem abrigo, com vista a uma preparação para a absoluta reintegração social. Para isso, investe-se na formação e no acompanhamento psicossocial dos homens.
No passado fim-de-semana, Leão XIV apelou a um Natal vivido com “sobriedade”, pedindo aos católicos que evitem o consumismo e tenham a coragem de convidar pessoas pobres ou sós, para a Consoada.
“Que presente mais belo poderia haver do que abrir as nossas casas, durante as festas de Natal, para acolher a pobreza, todas as suas formas, incluindo a pobreza existencial e a pobreza educativa? Vamos convidar uma família pobre para o jantar de Natal, ou até mesmo uma pessoa que esteja a passar por uma situação difícil e que esteja sozinha”, escreve o Papa, na resposta a uma carta de um leitor, publicada na edição de dezembro da revista ‘Praça de São Pedro’, editada pelo padre Enzo Fortunato.
O pontífice sublinhou a necessidade de “oferecer exemplos de bondade, esperança e liberdade. Vamos oferecer benefícios espirituais que possam prevenir o vício das compras”.
Leão XIV abordou a importância do testemunho cristão e focou-se na vivência do Natal junto dos mais necessitados, citando a exortação apostólica ‘Dilexi Te’, a primeira do seu pontificado.
\Agora, mais do que nunca, é necessário ouvir o clamor dos pobres, o clamor da terra. Agora, mais do que nunca, é nosso dever continuar a denunciar a ditadura de uma economia que mata”, insistiu.