“O abandono de um doente ou frágil, diria eu, é um pecado grave que não merece compreensão humana”- bispo de Angra

Foto: Igreja Açores/EM

D.Armando Esteves Domingues, que celebrou este domingo o Dia Mundial do Doente e o 9º aniversário do Cabido Catedralício, desafiou os cónegos capitulares a serem fraternos entre si e “a cuidar da relações que curam”

As doenças, em especial as provocadas por falhas de relacionamento, precisam de “compaixão e ternura” que só a atenção e proximidade podem curar, afirmou esta tarde o bispo de Angra na Missa a que presidiu na Sé, durante a qual foi assinalado o aniversário do Cabido Catedralício, restabelecido por D. António de Sousa Braga no dia de Nossa Senhora de Lourdes, há nove anos.

A partir da liturgia deste domingo, em que se celebra o Dia Mundial do Doente, D. Armando Esteves Domingues lembrou que a “proximidade”, a “presença” e o “cuidado” são o primeiro remédio para a cura de um doente.

“O primeiro cuidado de que necessitamos na doença é uma proximidade cheia de compaixão e ternura” afirmou o bispo de Angra.

“Cuidar de um doente significa, antes de mais nada, cuidar das suas relações, de todas as suas relações: com Deus, com os outros – familiares, amigos, profissionais de saúde –, com a criação, consigo mesmo”, afirmou.

O bispo de Angra pediu, de resto cuidado e humanidade no acompanhamento dos doentes.

“Humanizar e cuidar! Sempre. Perante a doença cada um tem as suas defesas, mas precisa sobretudo de respostas. Quantos doentes nos deixam desarmados pela espiritualidade que os anima” afirmou ainda, lembrando que de um doente “ brota a força confiante da fé, de que Deus não abandona o pobre, o doente, o carente, o só”.

“Cuidar é não deixar só, é olharmos juntos para o Amor Eterno de Deus que vamos encontrar em casa do Pai que nos cria e recria até estarmos prontos para Ele” disse, salientando que “a ação missionária da Igreja só será verdadeiramente frutuosa e fecunda quando estiver revestida desta alegria libertadora que Jesus oferece”.

“Como com o leproso, o encontro com Jesus gera uma felicidade que é de tal modo transbordante que obriga a partir para levar a todos a força transformadora do Seu amor”, afirmou.

“O abandono de um doente ou frágil, diria eu, é assim um pecado grave que não merece compreensão humana. Fere a essência de Deus que é comunhão” disse ainda .

“Jesus não cura sem fazermos a própria parte”, enfatizou.

“Quando anunciamos Jesus não somos meramente portadores de uma doutrina ou moral, mas comunicamos a vida de Jesus, que está vivo e que se faz presente e atuante na história”.

A partir da experiência da doença, pediu aos membros do Cabido Catedralício capacidade para promover o “espírito fraterno” e transpô-lo ao resto do presbitério porque as comunidades precisam de relações que curem em vez de agudizar doenças.

“Os tempos que correm podem trazer perturbações aos relacionamentos em presbitério e até provocar doenças graves. Somos humanos e ao Cabido peço este empenhamento na promoção do espírito fraterno entre os membros do cabido de modo a transbordar para todos os padres do presbitério, especialmente os feridos ou cansados”, disse D. Armando Esteves Domingues na missa que assinalou a celebração do 9º aniversário do Cabido Catedralício.

“Que sejais também especialistas no acolhimento, na formação espiritual e humana, bem como no acompanhamento de todo o povo de Deus no seu caminho o Pai” apelou o bispo de Angra.

“Somos hoje convidados a cuidar sempre as relações que curam” exortou ainda, agradecendo a “disponibilidade” e prometendo “oração por todos”, depois de lembrar as funções essenciais do Cabido, como colégio unido, restabelecido por D. António de Sousa Braga, em fevereiro de 2015, 15 anos após a sua desativação. Durante esse período o prelado diocesano de então não nomeou qualquer cónego, tendo promovido uma reformulação dos Estatutos, que permitiu entre outras coisas, a nomeação de cónegos capitulares residentes fora da ilha Terceira.

No final da celebração o Deão da Sé, cónego Ângelo Valadão, agradeceu a presença do prelado e prometeu ”na medida das disponibilidades” a colaboração do Cabido no plano pastoral que está a ser desenvolvido” pela diocese.

“Que Deus através da Sua e da nossa Mãe interceda por nós. Sobretudo pelos cónegos que se encontram doentes”, disse ainda, salientando a ligação entre este cabido e o voto feito “há muitos anos” a Nossa senhora de Lourdes.

No novo estatuto o Cabido que, até então tinha apenas a função litúrgica, retomou a função do Conselho de Ordens e Ministérios. É, também, um órgão de consulta do prelado diocesano em todas as matérias que este entender auscultar os seus membros.

(Com Elson Medeiros)

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