“O romeiro deve tornar-se o bom Samaritano na estrada, pronto a socorrer e a acompanhar o irmão à hospedaria da caridade fraterna e da convivência solidária”- Administrador Diocesano

Este domingo, dia das Missões, celebrou-se o Dia do Romeiro em Vila Franca do Campo

O romeiro deve ser hoje o “bom Samaritano” sempre disponível para a caridade fraterna ao irmão, afirmou este domingo o Administrador Diocesano, na homilia da Missa do Dia do Romeiro, celebrada na Matriz de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel.

“O romeiro, como experimenta na sua carne a dureza do caminho, e tem uma `espiritualidade do caminho´, deve tornar-se o bom Samaritano na estrada, pronto a socorrer e a acompanhar o irmão à hospedaria da caridade fraterna e da convivência solidária, sobretudo daqueles que são obrigados a caminhar para fugir da guerra, das calamidades e da fome, em romarias forçadas e não programadas” afirmou o cónego Hélder Fonseca Mendes.

O sacerdote, que presidiu à concelebração eucarística que finalizou um vasto programa comemorativo do Dia do Romeiro, organizado pelo rancho da Vila, referiu-se à peregrinação como um símbolo da “a experiência de toda a humanidade, que visa alcançar a esperança e a plenitude”.

“A romaria simboliza a experiência do homo viator que aparece como um viandante com sede de novos horizontes e fome de paz e de justiça, investigador da verdade, desejoso de amor, aberto ao absoluto e ao infinito” afirmou, destacando que as romarias quaresmais de São Miguel que este ano estão a ser celebradas, são a consequência mais visível dos 500 anos do terramoto que arrasou Vila Franca do Campo.

O sacerdote, de resto, recordou os primeiros romeiros que saíram em grupo oito dias depois da catástrofe, de junto da antiga matriz numa curta procissão, com destino à ermida de Nª. Sª. do Rosário, a rezar por misericórdia, pelos mortos, pelos feridos e a pedir força para reerguer a sua vila e sobretudo as suas vidas e a das suas famílias. Um percurso que hoje foi recriado pelos romeiros que participaram nas celebrações em Vila Franca do Campo, logo pela manhã. Além deste momento de memória, houve ainda tempo para uma conferência sobre os 500 anos de romarias e para partilhas diversas entre os vários ranchos e as famílias dos romeiros. A festa terminou com a Missa, durante a qual foram lembrados todos os romeiros e seus familiares e amigos; sobretudo aqueles que vão “ao terreiro ou à praça para arrumar o rancho e o abrigar em sua casa”.

A partir da liturgia proclamada este domingo, que nos conta a parábola do fariseu e do publicano, interpelando-nos sobre a nossa relação com Deus e com os irmãos, o cónego Hélder Fonseca Mendes sublinhou “que não basta perguntar quantas orações fazemos, mas sobretudo como rezamos, e mais ainda como é o nosso coração, pois não é possível rezar com arrogância nem com hipocrisia” patente na atitude orante do fariseu, marcada pela autossuficiência e pela arrogância, própria de quem acha que não precisa de Deus.

“Devemos orar, pondo-nos diante de Deus tais como somos, sem roupagens artificiais” esclareceu, ainda, interpretando o essencial da parábola: “a parábola ensina ainda que a pessoa é justa ou pecadora não pela sua condição social, mas pelo seu modo de se relacionar com Deus e de se comportar com os irmãos”.

“É preciso aprender a encontrar o caminho do nosso coração, sem arritmias, recuperando o valor da intimidade e do silêncio, pois é ali que Deus nos encontra e nos fala. A partir daí podemos encontrar os outros e falar com eles” disse ao salientar que a “romaria é o lugar para arrumar a vida e por a casa inteira em ordem”.

O sacerdote deixou ainda uma referência  ao Dia Mundial das Missões, que se assinala este domingo, para o qual o Papa aponta novos horizontes “geográficos, sociais, existenciais” às comunidades católicas.

“Não existe qualquer realidade humana que seja alheia à atenção dos discípulos de Cristo, na sua missão. A Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará ‘em saída’ rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais, rumo aos lugares e situações humanos ‘de confim’, para dar testemunho de Cristo e do seu amor a todos os homens e mulheres de cada povo, cultura, estado social”, escreve Francisco, na sua mensagem para esta celebração, divulgada a 6 de janeiro deste ano, solenidade da Epifania do Senhor e Dia da Infância Missionária.

O texto intitulado ‘Sereis minhas testemunhas’, inspirado numa passagem do livro bíblico dos Atos dos Apóstolos (At 1, 8); o Dia Mundial das Missões celebra-se no penúltimo domingo do mês de outubro.

O Papa sustenta que a missão será sempre ‘também missio ad gentes’, considerando que “a Igreja terá sempre de ir mais longe, mais além das próprias fronteiras, para testemunhar a todos o amor de Cristo”.

“Sim, oxalá todos nós sejamos na Igreja o que já somos em virtude do Batismo: profetas, testemunhas, missionários do Senhor!” disse o cónego Hélder Fonseca Mendes.

 

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