O site Igreja Açores promove caminhada do Advento a partir da Carta Apostólica “Admirabile Signum”

Advento IV, pelo padre Emanuel Valadão Vaz

Foto: Imagem de São José

José, o colaborador do Espírito

Neste meu último apontamento, na contínua referência à Carta Apostólica do Papa Francisco sobre o Presépio, “Sinal Admirável”, destaco o que o Papa nos refere sobre a figura de José no número sete do referido documento: “S. José é o guardião que nunca se cansa de proteger a sua família… É o primeiro educador de Jesus, na sua infância e adolescência. José trazia no coração o grande mistério que envolvia Maria, sua esposa, e Jesus”.

Seria interessante perceber, quando fazemos e contemplamos o Presépio, se conseguimos fazer memória do que a Palavra de Deus, nos Evangelhos da Infância, nos dizem sobre a Sagrada Família.

José parece ser a figura de quem menos se fala. Mas isso não significa irrelevância do seu papel, antes pelo contrário. A figura de José já tem o seu lugar na História. Ele não precisa de ser destacado, pois é “Filho de David”.

Os acontecimentos que precederam o nascimento de Jesus foram de grande densidade para a vida de José e de Maria. Por isso, quando contemplamos no Presépio Jesus, José e Maria temos necessariamente de tornar vivo os acontecimentos que precederam aquele momento. Ao mesmo tempo atualizá-lo em tantas famílias que hoje voltam a encarnar e se revêm no que sucedeu à Família de Nazaré. É também por isso que o Presépio se torna tão atual neste nosso tempo. 

O paradoxo: perder para ganhar

Mas voltando à figura de José, sempre com ligação a Maria, percebemos que as incertezas que ele viveu só foram possíveis de serem assumidas no seu coração pela abertura ao Espírito Santo. O mesmo já tinha acontecido com Maria, no momento da Anunciação. Isto está muito claro no Evangelho que escutamos e meditamos neste quarto domingo do Advento: “Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: “José, Filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo” (Mt 1,20).

Aí está o Espírito a meter-se na vida de José, com o seu consentimento, para aceitar o que aos nossos olhos parece incompreensível. O Espírito inquieta, faz-nos perder horas de sono para ganharmos vida abundante. Aliás, há um livro de leitura pertinente que nos fala disso: “Quem quiser ganhar há de perder”, do jesuíta José Frazão (Paulinas).

A obediência libertadora vivida por José ao acolher Maria capacitou-o para ser um cooperador fundamental, através do exercício da sua paternidade, na educação de Jesus. Por isso, quando olharmos para o Presépio e nos fixarmos em José, sem perdermos o centro que é Jesus, deixemos que ele nos fale através da sua paternidade de amor, de ternura, obediente, acolhedora, corajosa…

A nossa felicidade

Termino este apontamento com a passagem do número dez da Carta Apostólica “Sinal Admirável” que temos estado a seguir: “Não é importante a forma como se arma o Presépio; pode ser igual ou modificá-lo cada ano. O que conta, é que fale à nossa vida. Por todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, O Deus que se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada ser humano, independentemente da condição em que este se encontre… O Presépio faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé. A partir da Infância e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está connosco e nós com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria. E educa para sentir que nisto está a felicidade”.

 Oração junto ao Presépio

Oh “Admirável Sinal” da bondade e do amor de Deus, que desperta em nós a vontade de encarnar a alegria dos pastores, onde lhes foi manifestada uma pequena comunidade de pobres, que os transformou, provoca-nos o desejo ardente de contemplar e conhecer o Deus Menino, que sendo pobre nos enriqueceu com a sua pobreza.

 

 

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