O tempo do Espírito Santo aponta para uma humanidade liberta dos egoísmos, afirma cónego Manuel Carlos Alves

Reitor do Santuário do Senhor santo Cristo presidiu à concelebração eucarística das Festas do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada

 

Num tempo em que o mundo parece desviar-se dos caminhos traçados por Deus, a mensagem do Espírito Santo, que aponta para uma ideia de irmandade, revela-se mais atual e urgente porque aponta para uma humanidade liberta de todos os egoísmos, afirmou esta manhã o cónego Manuel Carlos Alves na homilia da Missa Campal, da XXII Edição das Grandes Festas do Divino Espirito santo de Ponta Delgada.

“Hoje, mais do que nunca, é essencial preservar esta festa que busca imortalizar a união entre o divino e o humano. As Festas do Espírito Santo convidam-nos a vislumbrar um tempo novo, onde a humanidade, liberta do egoísmo, segue por caminhos abertos pelo Espírito”, disse o Reitor do santuário do Senhor Santo Cristo que além de ter presidido à missa da festa este domingo, proferiu também a conferência inaugural destas festas, que arrancaram quinta-feira.

A irmandade, “expressão maior do Espírito, continua a ser o sinal de esperança de um mundo reconciliado”, disse ainda.

“Perante o sofrimento e a ingratidão que marcam a vida na terra, é urgente pedir a Deus um novo rumo. Que os políticos governem com justiça, distribuindo os bens de forma equitativa, e que cada cidadão reencontre a sintonia com os valores do bem comum” disse ainda o sacerdote ao lembrar que o “pecado continua a afastar-nos dos projetos divinos”, mas “através do Espírito podemos reencontrar a direção justa e verdadeira”.

A homilia, de tom marcadamente histórico, retomou o significado dos símbolos antigos e sagrados, elementos visíveis de uma fé profunda que marca a identidade do povo: a coroa que representa o poder real do Espírito; o ceptro, a justiça divina que se espera dos homens; e a bandeira, símbolo que, em vez de dividir, une corações e vontades.

“Estes são os sinais que ajudam a humanidade a recordar que renasceu pelo Espírito Santo” afirmou o sacerdote.

As flores, a carne, o pão e o vinho, sinais da presença viva da Eucaristia, “recordam-nos que Deus caminha connosco”. E as esmolas, partilhadas com os pobres — “os eternos privilegiados destas festas” —, demonstram que a “solidariedade não depende da abundância, mas do coração generoso, seja o mordomo rico ou pobre”, concluiu.

Esta missa, concelebrada pelos dois sacerdotes da Matriz de São Sebastião, o cónego Adriano Borges e o padre Herminio Mendes, terminou com a coroação do Presidente da Câmara Municipal- a autarquia é mordoma- e de outras pessoas, quase todas das freguesias do concelho de Ponta Delgada.

O canto foi assegurado pelo coro litúrgico da Igreja Matriz de São Sebastião.

Depois da missa houve o habitual bodo de leite e à tarde haverá a procissão de coroação com as bandeiras e as coroas dos impérios de Ponta Delgada. Estas festas foram reeditadas no primeiro mandato de Berta Cabral, contando na altura com um especial empenho do Coral de São José e uma equipa de voluntários, representando associações e movimentos da sociedade civil.

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