Os catequistas devem ser “provocadores”, afirma responsável espanhol pela catequese

Nas jornadas nacionais de catequistas, para discutir e analisar novo diretório, padre Francisco Romero apelou à “mudança de paradigma” no ato catequético

O secretário da Comissão Evangelização, Catequese e Catecumenado de Espanha, padre Francisco Romero, pediu, este sábado, em Fátima, nas jornadas nacionais de catequistas, para que estes educadores da fé sejam “provocadores”.

“Os catequistas têm hoje de ser provocadores, mais do que transmitir muitas coisas devem estar atentos aos que se abeiram da Igreja para não se correr o risco de dar respostas a perguntas que não se fazem”, sublinhou o sacerdote espanhol nesta iniciativa promovida pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC).

Na sua intervenção, o responsável pediu aos catequistas que “se encham de Deus” para o poder anunciar aos outros e serem “provocadores” perante aqueles que desejam respostas.

Trata-se, sim, de provocar a dúvida, de inquietar, despertar o interesse, e ter em atenção aquilo que se passa na vida de cada um, procurando perceber o que se busca”, disse o padre Francisco Romero.

Fátima, e no primeiro dia das Jornadas Nacionais dos Catequistas, o secretário da Comissão evangelização, catequese e catecumenado, de Espanha, pediu uma “reconversão” da própria formação destes agentes de pastoral.

“Não podemos continuar a dar aos catequistas apenas uma formação intelectual. Temos de mudar o paradigma. Precisamos de uma formação que abarque a cabeça, o coração e a vontade. Trata-se de ter uma vida de fé profunda para que a possam transmitir a outros. O catequista tem de encher-se para depois dar”, apelou.

A diocese de Angra está a participar nesta iniciativa com 130 pessoas, entre catequistas e sacerdotes, de sete das nove ilhas do arquipélago dos Açores.

“Temos um terreno muito grande, muita diversidade de trabalho e este é o tempo da missão, que não é Ad gentes, mas acontece nas nossas paróquias, em sítios não prováveis, com pessoas improváveis, com lugares que precisam urgentemente de serem evangelizados” afirmou ao Igreja Açores, o padre Bruno Rodrigues, salientando por outro lado que já não vivemos o tempo “de assembleias muito povoadas com gente cheia de convicções”.

“Hoje, temos de ser nós a ir à procura das pessoas, procurarmos os espaços onde elas estão- jovens, casais, famílias ou idosos- e isso é um desafio para repensarmos a nossa forma de evangelização”.

“Não temos mais correntes de fé como tínhamos, temos gentes diferentes, com necessidades e ritmos diferentes; famílias diferentes, muitas delas disfuncionais, e temos, sobretudo de atender a isso tudo porque se não perdemos a nossa essência” acrescentou ainda o sacerdote.

Pároco no Faial e desde sempre ligado à catequese e evangelização- “pilares de uma comunidade”, pois uma paróquia “que não tem a funcionar bem este serviço não pode depois ter outras expressões pastorais”, como a liturgia ou a caridade” -, o padre Bruno Rodrigues recorda que é preciso motivar os jovens para um verdadeiro encontro com Cristo.

“Isso deve ser a principal prioridade da catequese” refere.

“Este é um novo tempo, uma new story, que temos de desenvolver com o mesmo argumento de sempre: o Evangelho. Não são as nossas convicções é Jesus que tem de estar no centro”, concluiu.

Para o Padre Igor Oliveira, diretor do Serviço Diocesano da Catequese, Evangelização e Missão, estes encontros “abrem a visão” pois percebe-se “que os problemas que temos, são partilhados”.

“Uma coisa é certa: a catequese tem de mudar de rosto, apesar de já estarmos num novo itinerário ainda há coisas que têm de ser afinadas”, refere o responsável diocesano.

“Desde logo, retirar do sentido que a catequese é uma escola; que o catequista é aquele que dá qualquer coisa e a criança ou jovem vai para casa com a informação que recebeu”, exemplifica, lembrando que “hoje o que se deve proporcionar “é um conhecimento e um encontro com Deus”.

“O modelo de escolaridade não é o mais apropriado para despertar na fé”, disse ainda sublinhando a importância da “espiritualidade, do testemunho”.

Questionado sobre se a capacidade de reinvenção dos catequistas para uma realidade mais contemporânea é possível nos Açores, onde a média de idades é muito elevada, o sacerdote, um dos mais novos da diocese, que foi secretário pessoal de D. João Lavrador, lembra que “há vontade e imensa disponibilidade; por vezes falta é conhecimento técnico para manusear tecnologias que possam aproximar mais os jovens”.

“Não podemos, contudo, desistir”, enfatiza.

Os catequistas portugueses, estão reunidos em Fátima, até este domingo, a refletir sobre o Diretório para a Catequese, editado pelo Vaticano em 2020, e que se constitui como documento orientador para o setor.

 

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