Papa apela a compromisso renovado com “a unidade, a sinodalidade e a missão da Igreja”

 

O Papa apelou hoje a um compromisso com a sinodalidade, considerando-a uma atitude que “ pode ensinar muito ao mundo de hoje”.

“Amanhã [15 de setembro] é o 60º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos, uma intuição profética de São Paulo VI, para que os bispos pudessem exercer ainda mais e melhor a comunhão com o sucessor de Pedro. Espero que esta data suscite um renovado compromisso com a unidade, a sinodalidade e a missão da Igreja”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação do ângelus.

O tema esteve em destaque na entrevista que Leão XIV concedeu ao ‘Crux’, portal de informação religiosa dos EUA, publicada este domingo por ocasião do 70.º aniversário natalício do Papa.

“Sinodalidade é uma atitude, uma abertura, uma disposição para entender. Falando da Igreja agora, isso significa que cada membro da Igreja tem uma voz e um papel a desempenhar através da oração, da reflexão… através de um processo”, disse, em declarações à jornalista norte-americana Elise Ann Allen.

Questionado sobre o processo lançado por Francisco, seu antecessor, que dedicou a XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos ao tema da sinodalidade, em outubro de 2023 e 2024, Leão XVI sublinhou a importância do “diálogo e do respeito mútuo”.

“Reunir as pessoas e compreender essa relação, essa interação, essa criação de oportunidades de encontro, é uma dimensão importante da forma como vivemos a nossa vida como Igreja”, acrescentou.

O Papa admitiu que algumas pessoas se sentiram “ameaçadas” por essa presença.

“Às vezes, os bispos ou padres podem sentir que «a sinodalidade vai tirar-me a autoridade». Não é isso que a sinodalidade significa, e talvez a sua ideia do que é a sua autoridade esteja um pouco desfocada, errada. Acho que a sinodalidade é uma forma de descrever como podemos unir-nos e ser uma comunidade e buscar a comunhão como Igreja, de modo que seja uma Igreja cujo foco principal não seja uma hierarquia institucional”.

Leão XIV entende que a opção de “caminhar juntos como Igreja” é uma atitude que “pode ensinar muito ao mundo de hoje”.

“Estávamos a falar sobre polarização. Acho que isto é uma espécie de antídoto. Acho que é uma forma de enfrentar alguns dos maiores desafios que temos no mundo hoje”, afirmou, na primeira entrevista do seu pontificado, que se iniciou a 8 de maio.

“Se ouvirmos o Evangelho, se refletirmos sobre ele juntos e se nos esforçarmos para seguir em frente juntos, ouvindo uns aos outros, tentando descobrir o que Deus está a dizer-nos hoje, temos muito a ganhar com isso”, acrescentou.

Falando a partir da sua experiência como missionário e bispo no Peru, o pontífice sustenta que “parte da Igreja latino-americana contribuiu realmente para a Igreja universal”.

“Há uma grande esperança, se pudermos continuar a construir com base na experiência dos últimos dois anos e encontrar formas de ser Igreja juntos. Não tentar transformar a Igreja numa espécie de governo democrático, porque, se olharmos para muitos países do mundo atual, a democracia não é necessariamente a solução perfeita para tudo. Mas respeitar, compreender a vida da Igreja pelo que ela é e dizer: ‘temos de fazer isto juntos’”, indicou.

“Acho que isso oferece uma grande oportunidade à Igreja e oferece uma oportunidade para a Igreja se envolver com o resto do mundo. Desde o tempo do Concílio Vaticano II, isso tem sido significativo e ainda há muito a ser feito”, prosseguiu.

Trechos da entrevista foram divulgados antecipadamente pelo ‘Crux’ e pelo jornal peruano ‘El Comercio’.

A conversa – gravada em Castel Gandolfo e na residência do Papa no Palácio do Santo Ofício, do Vaticano – vai integrar o livro biográfico ‘Leão XIV: cidadão do mundo, missionário do século XXI’, com publicação agendada para 18 de setembro, em espanhol, pela editora ‘Penguin Peru’.

(Com Ecclesia)

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