Leão XIV concede primeira audiência pública aos profissionais dos media que acompanharam o recente Conclave

O Papa encontrou-se hoje, no Vaticano, com milhares de profissionais da Comunicação Social que acompanharam o Conclave, apelando à libertação dos jornalistas que se encontram presos.
“Permitam-me reiterar hoje a solidariedade da Igreja aos jornalistas presos por terem procurado contar a verdade, e com estas palavras, também pedir a sua libertação”, disse Leão XIV, na saudação que dirigiu, com transmissão online.
O encontro, que tem acontecido após as últimas eleições pontifícias, decorreu no Auditório Paulo VI e foi a primeira audiência pública do novo Papa.
Num momento inicial da sua intervenção, muito aplaudida, Leão XIV deixou uma palavra particular para “aqueles que narram a guerra, mesmo às custas da própria vida”, como símbolo da “coragem de quem defende a dignidade, a justiça e o direito dos povos a serem informados, porque só os povos informados podem fazer escolhas livres”.
“O sofrimento destes jornalistas presos interpela a consciência das nações e da comunidade internacional, exortando-nos a todos a custodiar o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa”, acrescentou.
“A paz começa em cada um de nós: na forma como olhamos para os outros, ouvimos os outros, falamos dos outros; e, neste sentido, a forma como comunicamos é de fundamental importância: devemos dizer ‘não’ à guerra das palavras e das imagens, devemos rejeitar o paradigma da guerra”.
Leão XIV foi acolhido com uma longa salva de palmas e reagiu com sorrisos, cumprimentando os participantes em inglês.
“Bom dia, obrigado por esta maravilhosa receção. Dizem que quando batem palmas no início, o resto pouco importa. Se estiverem acordados no fim e ainda quiserem aplaudir, muito obrigado”, gracejou.
O Papa agradeceu pelo trabalho que os jornalistas realizaram, pedindo-lhes o “compromisso de levar por diante uma comunicação diferente”, superando o “modelo da competição” e promovendo o “serviço à verdade”.
A intervenção, com cerca de 10 minutos, realçou o trabalho desenvolvido nos últimos dias, com as celebrações da Semana Santa, a morte do Papa Francisco e o Conclave, “em dias cansativos”.
“Vivemos tempos difíceis de percorrer e de narrar, que representam um desafio para todos nós e que não devemos fugir”, assumiu, advertindo contra a “confusão de linguagens sem amor, muitas vezes ideológicas ou partidárias”.
“Obrigado pelo que fizeram para sair dos estereótipos e dos lugares-comuns, através dos quais muitas vezes lemos a vida cristã e a própria vida da Igreja. Obrigado, porque conseguiram captar o essencial do que somos e transmiti-lo com todos os meios ao mundo inteiro”.
Leão XIV sustentou que a comunicação é “criação de uma cultura”, assinalando o impacto da evolução tecnológica, especialmente da inteligência artificial.
“Repito-vos hoje o convite feito pelo Papa Francisco na sua última mensagem para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais: desarmemos a comunicação de todo preconceito, rancor, fanatismo e ódio; purifiquemo-la da agressividade”, disse.
“Não precisamos de uma comunicação estrondosa, musculosa, mas sim de uma comunicação capaz de ouvir, de acolher a voz dos fracos que não têm voz. Desarmemos as palavras e contribuiremos para desarmar a terra”, acrescentou.
Evocando a sua intervenção na ‘Urbi et Orbi’ a que presidiu após a eleição pontifícia, Leão XIV pediu “uma comunicação desarmada e desarmante”.
“Peço-vos que escolham com consciência e coragem o caminho de uma comunicação de paz. Obrigado. Que Deus vos abençoe! E até breve”, concluiu.
Após o discurso, o Papa deslocou-se até junto da assembleia para saudar os responsáveis do Dicastério para a Comunicação e os jornalistas presentes nas primeiras filas, durante largos minutos, saindo pelo corredor central do auditório.O portal de notícias do Vaticano reproduz parte da conversa com a jornalista portuguesa Aura Miguél, que lembrou a festa do 13 de maio, em Fátima, tendo Leão XIV assumindo que “o cardeal Prevost tinha previsto ir (a Fátima), mas os planos mudaram”.
Uma jornalista do Peru ofereceu uma chalina, um cachecol de lã de alpaca multicolorida, proveniente dos Andes, onde o Papa foi missionário durante cerca de 20 anos. |
O cardeal Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, foi eleito na última quinta-feira como Papa, após dois dias de Conclave, assumindo o nome de Leão XIV.
O primeiro pontífice norte-americano, de 69 anos de idade, foi missionário e bispo no Peru, tendo ainda sido superior geral da Ordem de Santo Agostinho.
(Com Ecclesia e Vatican News)