Papa denuncia “sobrelotação” das prisões e reforça pedido de amnistia, deixado por Francisco

Foto: Lusa/EPA

 

Leão XIV alertou hoje para o drama da “sobrelotação” prisional e pediu que o cumprimento da pena garanta sempre uma oportunidade de “reabilitação” e esperança.

“Os problemas a enfrentar são muitos. Pensemos na sobrelotação das prisões e no compromisso, ainda insuficiente, para garantir programas educativos estáveis para a reabilitação e oportunidades de trabalho”, afirmou, na Missa do Jubileu dos Reclusos, que reuniu milhares de pessoas na Basílica de São Pedro.

Citando a bula de proclamação do 27.º jubileu ordinário da história da Igreja Católica, intitulada ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude), assinada por Francisco, Leão XIV uniu-se ao apelo do seu antecessor por “formas de amnistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade e oferecer a todos oportunidades concretas de reinserção”.

“Estou confiante de que, em muitos países, se dará seguimento ao seu desejo”, acrescentou

O Papa dirigiu-se aos detidos e aos responsáveis pelo sistema prisional, que convidou a ser “agentes de justiça e caridade”, reconhecendo que esta missão “não é fácil”.

“A misericórdia não é fechar os olhos ao mal, mas dar a força para mudar. Ninguém deve ficar refém do seu passado”, sustentou.

Leão XIV sublinhou que, para além das questões estruturais, existe o peso pessoal de quem vive privado de liberdade, citando “o fardo do passado, as feridas que precisam de ser curadas no corpo e no coração” e a tentação de ceder ao desânimo ou à falta de perdão.

“O Jubileu é um chamamento à conversão, sendo precisamente por isso motivo de esperança e alegria”, indicou.

A reflexão do Papa partiu do episódio evangélico do encontro entre Jesus e uma mulher adúltera.

“O Senhor Jesus repete-nos constantemente, apesar de tudo, que há uma coisa importante: que ninguém se perca”, disse.

Leão XIV lembrou que Jesus não condenou a mulher, mas abriu-lhe um novo horizonte com as palavras “vai e não tornes a pecar”, desafiando a sociedade a ter o mesmo olhar que distingue o erro da pessoa.

A celebração na Basílica de São Pedro reuniu reclusos, familiares, funcionários prisionais, voluntários, forças de segurança e administração penitenciária, com o Papa a insistir que a esperança deve atravessar os muros das prisões.

“Muitos ainda não compreendem que depois de cada queda deve ser possível levantar-se, que nenhum ser humano se reduz ao que fez e que a justiça é sempre um processo de reparação e reconciliação”, lamentou, após evocar o gesto histórico de Francisco, que a 26 de dezembro de 2024 abriu uma Porta Santa na igreja do Pai Nosso, da Prisão de Rebibbia, Itália.

Leão XIV apelou ao compromisso de “promover em todos os ambientes, hoje com destaque particular para as prisões, uma civilização fundada sobre novos critérios e, em última instância, sobre a caridade”, citando São Paulo VI no final do Ano Jubilar de 1975.

Uma delegação da Pastoral Penitenciária em Portugal participa em Roma, desde sexta-feira, no Jubileu dos Reclusos, integrando um grupo de 6000 peregrinos de 90 países, que levaram consigo as “dores e esperanças” das prisões.

A iniciativa constitui o último grande evento do Ano Santo, antes do seu encerramento (6 de janeiro de 2026).

(Com Ecclesia e Vatican news)

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