
O Papa apelou hoje à promoção de “políticas de reconciliação” para ajudar migrantes e refugiados, projetando o encontro jubilar dedicada a estas pessoas, no Vaticano.
“Encorajo-vos a propor formas concretas de promover gestos e políticas de reconciliação, particularmente em terras onde existem feridas profundas causadas por conflitos de longa data. Não é uma tarefa fácil, mas para que os esforços em prol de uma mudança duradoura sejam bem-sucedidos, eles devem incluir formas de tocar os corações e as mentes”, disse aos participantes do encontro ‘Refugiados e migrantes na nossa casa comum’.
A conferência internacional é organizada pela ‘Villanova University’ e reúne em Roma representantes de universidades, ONG e representantes da sociedade civil, debatendo “planos de ação” para responder às causas estruturais dos fenómenos migratórios.
Estes projetos, que se vão desenvolver ao longo dos próximos anos, procuram “reunir vozes de destaque em várias disciplinas, a fim de responder aos atuais desafios urgentes trazidos pelo número crescente de pessoas que são afetadas pela migração e pelo deslocamento”.
“Rezo para que os vossos esforços possam trazer novas ideias e abordagens a este respeito, procurando sempre colocar a dignidade de cada pessoa humana no centro de qualquer solução”, referiu Leão XIV.
O Papa alertou para uma “atitude de indiferença por parte das instituições e dos indivíduos”, citando Francisco, que alertava para a habituação “ao sofrimento dos outros”.
“Isto pode levar ao que anteriormente referi como uma ‘globalização da impotência’, na qual corremos o risco de nos tornarmos imóveis, silenciosos, talvez tristes, pensando que nada pode ser feito quando nos deparamos com o sofrimento inocente”, acrescentou.
“Assim como o Papa Francisco falou da cultura do encontro como antídoto para a globalização da indiferença, devemos trabalhar para enfrentar a globalização da impotência, promovendo uma cultura da reconciliação”, disse.
Leão XVI apelou a um trabalho que exige “paciência, disposição para ouvir, capacidade de se identificar com a dor dos outros”.
“Ao formular os vossos planos de ação, é também importante recordar que os migrantes e os refugiados podem ser testemunhas privilegiadas de esperança através da sua resiliência e da sua confiança em Deus”, realçou.
O Vaticano vai acolher entre sábado e domingo o Jubileu que une o mundo missionário e os migrantes, numa organização conjunta do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e o Dicastério para a Evangelização.
O programa começa na manhã de sábado, com a audiência jubilar presidida pelo Papa na Praça de São Pedro, antes da peregrinação com passagem pela Porta Santa da Basílica do Vaticano.
Leão XIV preside, no domingo, à Missa na Praça de São Pedro, a partir das 10h30; de tarde, nos Jardins do Castelo Sant’Angelo, decorre a ‘Festa dos Povos’, manifestação artística com o tema ‘Migrantes e Missionários de esperança entre os povos’.
Segundo o Vaticano, esta celebração jubilar envolve 10 mil peregrinos de cerca de 95 países, incluindo Portugal.
Na mensagem para 111ª Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, Leão XIV refere que o Papa Francisco fez coincidir o Jubileu dos Migrantes e do Mundo Missionário, afirmando que se trata de uma “oportunidade de refletir sobre a relação entre esperança, migração e missão”, diante de um contexto de guerra em curso, que obriga muitas pessoas a deixar as suas terras de origem.
(Com Ecclesia)