O Papa Francisco escolheu D. Mauel Clemente como um dos novos 15 cardeais que vão ser criados no consistório de fevereiro

Lista de 15 novos cardeais inclui ainda bispo de Santiago, Cabo Verde, D. Arlindo Furtado.

O patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, foi designado cardeal  e assumirá o cargo a 14 de fevereiro, no Vaticano, anunciou hoje o Papa.

Francisco revelou que vai criar 15 cardeais eleitores, provenientes de 14 países, incluindo também o bispo de Santiago, Cabo Verde, D. Arlindo Furtado; o bispo emérito de Xai-Xai, Moçambique, D. Júlio Duarte Langa, de 87 anos, é um dos cinco cardeais não-eleitores que também vão ser criados pelo Papa a 14 de fevereiro.

Este é o segundo consistório do atual pontificado, após a criação de 19 cardeais, entre os quais 16 eleitores, a 22 de fevereiro de 2014.

O consistório para a criação de novos cardeais, marcado para 14 e 15 de fevereiro, vai decorrer após um encontro de dois dias com todo o Colégio Cardinalício, sobre a reforma da Cúria Romana, nos dias 12 e 13 do mesmo mês.

Neste momento, há 110 cardeais eleitores, dos quais menos de metade são da Europa (52), seguindo-se a América (33 – 17 do Norte e 16 latino-americanos), África (13), Ásia (11) e Oceânia (1).

Portugal estava representado no Colégio Cardinalício até agora por D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos (com mais de 80 anos) e D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito.

Segundo o Código de Direito Canónico, os cardeais “constituem um colégio peculiar, ao qual compete providenciar à eleição do Romano Pontífice [Papa]”, embora as funções dos membros do colégio cardinalício vão para além desta eleição.

Qualquer cardeal é, acima de tudo, um conselheiro específico que pode ser consultado em determinados assuntos quando o Papa o desejar, pessoal ou colegialmente.

Os requisitos para ser criado cardeal são, basicamente, os mesmos que estabeleceu o Concílio de Trento na sua sessão XXIV de 11 de novembro de 1563: homens que receberam a ordenação sacerdotal e se distinguem pela sua doutrina, piedade e prudência no desempenho dos seus deveres.

Paulo VI (1897-1978) fixou em 120 o número de cardeais eleitores do Papa e estabeleceu como idade limite para a possibilidade de votar os 80 anos, disposições que foram confirmadas por João Paulo II (1920-2005) e Bento XVI que, pontualmente, excederam o número estabelecido, derrogando a norma.

D. Manuel Clemente será o quarto cardeal português do século XXI (48.º da história) e o primeiro a ser designado no atual pontificado.

D. Manuel Clemente, de 66 anos, foi nomeado patriarca de Lisboa pelo Papa Francisco a 18 de maio de 2013, após a resignação do cardeal D. José Policarpo, que faleceu em março de 2014; anteriormente, tinha sido bispo do Porto desde 2007.

Após a nomeação como patriarca de Lisboa, foi eleito presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) até abril de 2014 e reeleito no cargo, nesse mesmo mês, por três anos.

O 17.º patriarca de Lisboa foi o vencedor do Prémio Pessoa 2009, distinção que evocou a sua obra historiográfica, intervenção cívica e “postura humanística de defesa do diálogo e da tolerância, de combate à exclusão e da intervenção social da Igreja”.

Manuel José Macário do Nascimento Clemente nasceu em Torres Vedras a 16 de julho de 1948; após concluir o curso secundário, frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa onde se formou em História antes de entrar no Seminário Maior dos Olivais em 1973.

 

Em 1979 licenciou-se em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa, doutorando-se em Teologia Histórica em 1992, com uma tese intitulada “Nas origens do apostolado contemporâneo em Portugal. A ‘Sociedade Católica’” (1843-1853).

Ordenado padre em 29 de junho de 1979, o novo patriarca foi coadjutor das paróquias de Torres Vedras e Runa, formador e reitor do Seminário dos Olivais e membro do Cabido da Sé de Lisboa.

D. Manuel Clemente foi nomeado bispo auxiliar de Lisboa por João Paulo II, a 6 de novembro de 1999; a ordenação episcopal teve lugar na igreja de Santa Maria de Belém (Jerónimos) no dia 22 de janeiro de 2000.

Em 2007, Bento XVI nomeou-o bispo do Porto, para suceder a D. Armindo Lopes Coelho; receberia o Papa alemão na cidade nortenha, a 14 de maio de 2010; nesse mesmo ano lançou uma missão especial na diocese.

O patriarca de Lisboa é autor de vários trabalhos sobre o catolicismo em Portugal a partir do Liberalismo e é também presença semanal no Programa ECCLESIA, na RTP2, com a rubrica ‘O passado do presente’, dedicada à História da Igreja; é também membro do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais (Santa Sé).

D. Manuel Clemente foi um dos delegados da Conferência Episcopal Portuguesa no Sínodo dos Bispos para a Nova Evangelização, realizado em outubro de 2012 no Vaticano, e representou a CEP no Sínodo extraordinário sobre a Família, em outubro de 2014.

Na Diocese de Lisboa, lançou um Sínodo que está a decorrer, em diversas etapas, até 2016.

CR/Lusa/Ecclesia

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