Pregador da Festa da Serreta desafia peregrinos a fazer da novena um período de renovação espiritual

Preparação para a festa de Nossa Senhora dos Milagres começou esta sexta-feira tendo como pregador o padre António Santos

Foto: 1º Dia da Novena da Festa de Nossa Senhora dos Milagres, Serreta, ilha Terceira

A novena da Festa da Serreta começou esta sexta-feira com o apelo à renovação interior, descrita como um verdadeiro caminho de gestação pelo pregador, padre António Santos.

“No útero da Igreja e no ventre desta comunidade, os fiéis são convidados a crescer, a formar-se e a receber o Espírito Santo no coração, permitindo que Deus opere a transformação necessária para que, no dia da festa, se apresentem como homens e mulheres novos” afirmou o sacerdote que irá pregar a novena de preparação da festa em honra de Nossa Senhora dos Milagres, no Santuário Diocesano na ilha Terceira.

Durante a homilia, foi sublinhada a importância do “jejum” e da “oração” como práticas essenciais deste tempo.

Recordando o exemplo de Jesus no deserto e dos discípulos, que também jejuaram, foi explicado que o jejum não deve ser confundido com uma simples dieta.

“O jejum é reconhecer que nada somos. É abdicar da alimentação ou de coisas que nos são confortáveis, para que as poupanças possam ser dadas a quem precisa. Este é o verdadeiro sentido do jejum”, destacou o celebrante, apelando a que todas as sextas-feiras seja vivido este exercício espiritual.

“O jejum ajuda-nos a limpar o que está velho em nós”, afirmou.

A mensagem apontou ainda para o ensinamento de Cristo de viver o presente, libertando-se do peso do passado, como caminho de esperança para o futuro.

“Peçamos à Senhora dos Milagres, Senhora da Esperança, que nos ensine a olhar para o Céu e a ter saudades dele. Senhor, eu tenho saudades do Céu e de Ti”, rezou-se em comunidade.

O pároco, que é também o reitor do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, padre João Pires, lembrou  neste dia da festa dedicado à comunidade da Serreta, o envolvimento de todas as forças serretenses na vida comunitária com um especial agradecimento à Filarmónica que marcou presença na Missa. Foi recordada a data de 4 de dezembro de 1873, há 152 anos, quando nasceu esta ligação umbilical a Nossa Senhora dos Milagres.

“A filarmónica existe porque existe este culto, e muito nos honra esta alma e juventude”, foi referido.

A festa deste ano conta ainda com a Exposição da LIAM e a apresentação de dois novos produtos ligados à devoção: uma imagem e um terço  de Nossa Senhora dos Milagres, certificados e registados, que nasceram de uma parceria entre a paróquia, a diocese e a livraria das Obras Católicas, em colaboração com a comissão paroquial.

“Ao adquirir estes artigos, os fiéis contribuem diretamente para a paróquia, reforçando a dimensão comunitária e solidária desta celebração” disse o padre João Pires.

A festa da Serreta, em honra de Nossa Senhora dos Milagres, será a última grande celebração de verão em santuários diocesanos e volta a ser presidida pelo bispo de Angra, no dia 14 de setembro, pelas 16h00. 

A primeira Festa Religiosa de Nossa Senhora dos Milagres teve lugar a 11 de Setembro de 1764 sob o patrocínio da Festa Litúrgica da Natividade (nascimento) de Nossa Senhora, que é assinalada pela Igreja a 8 de setembro. Sempre que esse dia não coincide com o domingo, celebra-se sempre no segundo domingo do mês e é a grande festa religiosa da ilha Terceira no verão.

Segundo os registos históricos, esta festa tem origem no século XVII e está ligada a vários momentos difíceis da história do arquipélago e de Portugal, com as comunidades a virarem a sua esperança para Maria. De modo particular, destaca-se o período em que Portugal se viu envolvido na guerra entre a França e a Espanha contra Inglaterra. Numa altura em que a Ilha Terceira não tinha qualquer tipo de fortificações e estava quase indefesa, a esperança das autoridades e das pessoas voltou-se para a intercessão de Nossa Senhora dos Milagres, cuja imagem estava colocada na igreja das Doze Ribeiras. Ficou a promessa de que caso a ilha não sofresse qualquer investida inimiga, a comunidade iria promover uma festa anual em honra de Nossa Senhora, o que veio a acontecer. Embora a primeira celebração tenha ocorrido a 11 de setembro de 1764 esta devoção afirmou-se definitivamente a partir de 1842. A construção da igreja começou em 1819, liderada pelo general Francisco António de Araújo, e foi concluída em 1842.

Desde então, mas particularmente com maior intensidade desde que é Santuário, a festa da Serreta é uma das mais participadas por peregrinos de toda a ilha que a pé ou de carro convergem para este lugar da ilha Terceira.

Este ano a festa, que na madrugada de 14 de setembro, dia principal, terá três horas de Adoração Eucarística pela Paz, entre as 3h00 e as 6h00 da manhã, será pregada pelo padre António Santos, pároco das paróquias do Cabo da Praia e de Porto Martins, na ilha Terceira. A novena contará diariamente com terço meditado, a partir das 19h30 e começa a 5 de setembro. A missa, com pregação, terá lugar às 20h00.

No domingo, dia principal da Festa, serão celebradas três missas antes da missa da festa que será presidida por D. Armando Esteves Domingues, às 16h00, seguida de procissão.

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