
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje em Fátima que o processo sinodal, lançado em 2021, deve promover mudanças nos processos de “escuta, avaliação e decisão” nas comunidades católicas.
“É necessário que a reflexão não fique estéril, mas dê origem a atitudes novas e relações sinodais; que sejam revistos os processos de escuta, avaliação e decisão, com a participação de todos os implicados; que esse caminho conduza, na escuta do Espírito e do Povo de Deus, à necessária conversão de estruturas renovadas para uma Igreja verdadeiramente sinodal, na comunhão, na participação ativa e na missão”, disse D. José Ornelas, na abertura das Jornadas Pastorais da CEP, que decorrem até quarta-feira, reunindo bispos, religiosos, representantes diocesanos e dos organismos da Conferência Episcopal.
O bispo de Leiria-Fátima explicou a decisão de promover estas jornadas anuais num formato diferente, considerando ser “bom e necessário que aqueles que presidem às Igrejas diocesanas sintam a necessidade e o desejo de caminhar juntos na reflexão sobre o ministério, a responsabilidade, as questões e os desafios da missão que lhes está confiada”.
“No clima sinodal que estamos a viver, estas jornadas abriram-se a representantes de toda a Igreja, por vontade e decisão dos bispos, seguindo o exemplo daquilo que se passou nas duas sessões da última Assembleia Sinodal dos Bispos de toda a Igreja, em Roma, em 2023 e 2024”, acrescentou.
O presidente da CEP recordou o I Encontro Sinodal Nacional, que se realizou em Fátima, a 11 de janeiro deste ano, “como ato comum da Igreja em Portugal, exprimindo a receção e interiorização eclesial do documento final do Sínodo dos Bispos de 2021-2024”.
O texto, assinado pelo Papa Francisco e entregue às comunidades católicas de todo o mundo, foi apresentado por D. José Ornelas como “instrumento de transformação, através das atitudes de comunhão, participação ativa e missão”.
A intervenção evocou o “serviço corajoso, profético e transformador” do Papa que faleceu a 21 de abril, acrescentando que Francisco “deixa uma memória amiga e desafiadora, com uma grande projeção e desafio, na Igreja e no mundo”.
“No centro dessa herança encontra-se a sinodalidade como modo de ser Igreja. Ele entregou esse caminho à Igreja, confiando-o ao Espírito Santo que a move”, sustentou.
O bispo de Leiria-Fátima apelou a uma Igreja aberta a “todos, todos, todos”, citando o anterior pontífice, e desafiou todos a assumir a “missão de transformação da Igreja, pela força e a luz do Espírito, para levar ao mundo a mensagem da paz e da esperança”.
As jornadas pastorais, que decorrem até quarta-feira, visam debater a implementação das orientações do processo sinodal no país.
Os trabalhos, com o tema ‘O processo sinodal nas Dioceses e na Conferência Episcopal Portuguesa’, iniciaram-se com uma reflexão sobre “Teologia e Espiritualidade Sinodal”, por D. Alexandre Palma, bispo auxiliar de Lisboa e diretor interino da Faculdade de Teologia da UCP.
O bispo auxiliar de Lisboa apontou seis dimensões da sinodalidade- Dimensão teológica trinitária, dimensão Batismal, dimensão Escatológica, dimensão Histórica, dimensão Missionária e dimensão Ecuménica- para descrever aquele que considera ser “o estilo da Igreja” e que fundamenta “uma teologia espiritual de sinodalidade”.

O programa de terça-feira vai ser dedicado à implementação do processo sinodal nas dioceses e nos serviços centrais da Igreja em Portugal. A diocese de Angra tem uma representação nestas Jornadas, liderada pelo bispo, D. Armando Esteves Domingues e quatro elementos da Equipa Sinodal Diocesana: o Vigário Episcopal para o Clero, padre José Júlio Rocha; Monsenhor José Constância, Francisco de Almeida Medeiros e Carmo Rodeia, que integra a equipa sinodal da CEP.
As questões serão discernidas em “grupos sinodais, seguindo o método da conversação no Espírito”, e partilhadas em plenário.
Os participantes vão debater as conclusões do primeiro encontro sinodal nacional, que decorreu a 11 de janeiro deste ano.
“Entre outros temas, sugere-se a reflexão sobre o funcionamento das equipas sinodais nas dioceses, a qualidade dos processos de escuta e discernimento, a concretização das orientações sinodais nas estruturas diocesanas e o envolvimento das pessoas distantes do processo sinodal”, assinala uma nota divulgada pela CEP.
De tarde, a partilha será dirigida à concretização das orientações sinodais nos organismos da Conferência Episcopal, procurando caminhar para uma “transformação sinodal das estruturas nacionais” a partir de orientações como a corresponsabilidade laical, a transparência, a prestação de contas e a necessidade de avaliação para a melhoria dos processos.
No último dia, serão debatidas e apresentadas as conclusões deste encontro que serão divulgadas publicamente, ao final da manhã de quarta-feira.
Estas jornadas acontecem cinco meses depois do encontro nacional que reuniu 300 participantes das várias dioceses portuguesas, convocado pela CEP, com o objetivo de refletir sobre o documento final do Papa Francisco e da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade (2021-2024) e a sua aplicação prática nas comunidades.
Os participantes, divididos por 36 grupos, apresentaram as conclusões dos encontros que mantiveram ao longo do dia, incluindo a proposta de criar “conselhos pastorais em todas as paróquias e/ou unidades pastorais” das dioceses portuguesas.
(Com Ecclesia)
Jornadas pastorais do episcopado centradas no processo sinodal