
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa alertou hoje em Fátima para a manipulação dos “medos”, no debate em curso sobre a lei de estrangeiros, no Parlamento.
“No tempo em que o nosso país está a dirigir um processo de discernimento e de legislação sobre os imigrantes, queria que nos uníssemos a esta reflexão”, apelou D. José Ornelas, no final da peregrinação internacional do 13 de julho, na Cova da Iria.
Falando aos peregrinos reunidos no Recinto de Oração, o bispo de Leiria-Fátima defendeu que se abram “caminhos novos”, para “ser acolhido e para acolher”.
“É necessário, para isso, não cair na ratoeira dos medos instrumentalizados, nem dos preconceitos manipulados, das evidências negadas. É preciso colocar a atenção primeira no bem acolher, que é a primeira experiência que nós tivemos na vida”, assinalou o responsável católico.
A Comissão de Assuntos Constitucionais votou favoravelmente esta sexta-feira, na especialidade, alterações à lei de estrangeiros, que incidem sobre matérias como reagrupamento familiar e tempos de permanência legal em território nacional.
O presidente da CEP pediu o compromisso de todos para “acolher pessoas que são necessárias” para o país, respondendo também às “suas necessidades de acolhimento”.
“É preciso acolher bem, na dimensão das nossas carências e necessidades e possibilidades, mas com justiça, com dignidade, criando a autêntica humanização das condições de vida e de futuro”, apontou.
Para D. José Ornelas, é preciso colocar a atenção nessa “esperança de possibilidade de construir um mundo novo”, com particular atenção ao reagrupamento familiar.
“Que as crianças possam encontrar não só na sua família, mas também no contexto em que vivem, essas boas-vindas, esse carinho que cada um de nós precisa de receber quando chega a este mundo e quando muda de um mundo para o outro”, acrescentou.
Citando o Papa Francisco, o bispo de Leiria-Fátima usou a imagem da Capelinha das Aparições, na Cova da Iria, que “tem colunas e um teto para acolher, mas não tem muros para excluir ou dividir”.
“Que o Senhor abençoe, quando se for legislar, que o Senhor abençoe a nossa sociedade e nos permita criar um futuro melhor de justiça e de paz para nós e para o mundo”, desejou.
D. José Ornelas saudou os vários grupos de peregrinos e agradeceu ao presidente das celebrações do 13 de julho, D. Sérgio Dinis, bispo das Forças Armadas e de Segurança.
(Com Ecclesia)