Professor Frias Martins afirma que a Casa Comum “está doente” mas a cura passa também por uma dimensão espiritual

Debate sobre a encíclica `Laudato Si´, na RTP Açores tem transmissão em diferido este domingo, às 16h00

António Frias Martins, professor catedrático jubilado da Universidade dos Açores, afirmou que a casa comum “está com problemas” mas pode-se ajudar a mitigar os problemas “através da fé”, num debate sobre a encíclica ‘Laudato Si’, promovido pelo Instituto Católico de Cultura (ICC) da Diocese de Angra, com o apoio do Santuário do Senhor Santo Cristo e em parceria com a RTP Açores.

A propósito de um dos documentos mais estruturantes do pontificado de Francisco, que é comumente aceite como um marco de referência na atenção que a Igreja dá ao ambiente, o professor universitário defendeu que a espécie humana é que está em perigo.

“Nós é que estamos em perigo. Nós temos de descobrir um novo paradigma de gestão dos recursos naturais, isto não vai com pensos rápidos”, disse o docente, alertando para a contínua “utilização desregrada dos recursos naturais”.

“Nós dizemos que a terra está doente”, mas “a vida é que pode estar a sofrer mais” refere o professor catedrático lembrando que “ quem está em perigo é a espécie humana”.

O professor catedrático da Universidade dos Açores destaca o problema chave desta encíclica que é a pobreza.

“O problema dos pobres tem de ser resolvido. Esta é a chave  desta encíclica: se não resolvermos o problema da distribuição da riqueza; senão conseguirmos tornar os recursos acessíveis a todos de forma sustentável estaremos seriamente em perigo”, adianta o professor a propósito dos problemas levantados pelo papa Francisco, que na sua óptica, remete para uma chave espiritual.

“Nós como filhos de Deus respeitamos a natureza, somos parte dela e amamo-la e por isso queremos que ela se cure. Esta é a dimensão espiritual da encíclica e apresentá-la é reconhecer que cada um de nós, cristãos, podemos acrescentar valor à nossa acção”.

“Esta espiritualidade de que falo faz com que nós nos embrenhemos na natureza, a respeitemos, e como filhos de Deus salvemos e curemos esta terra que está a sofrer”, adianta ainda o investigador que embora jubilado continua a a produzir trabalhos científicos agora em torno do estudo de espécies endémicas que por variadas razões foram extintas no arquipélago.

“Isto é uma preocupação” e embora reconheça que “a vida tem uma resiliência própria”, na verdade há opções que “podem ser mais ou menos determinantes”.

O último debate sobre os documentos estruturantes do pontificado de Francisco, exibido na RTP Açores na passada terça feira, e com repetição este domingo, às 16h00,  foi moderado pelo diretor da Agência ECCLESIA, o jornalista Paulo Rocha e contou ainda com a participação de Viriato Soromenho Marques, Francisco Ferreira e Francisco Wallenstein. Este debate encerrou um ciclo de três no qual foram debatidos ainda a Fratelli Tutti e e a economia de Francisco, dois temas extraídos de dois documentos essenciais do pontificado do Papa Argentino.

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