“Quando falou na janela fez-me chorar: nasceu nos EUA mas tem coração peruano”, afirma um dos três bispos que ordenou o Papa

D. Salvador Piñeiro García-Calderón, arcebispo de Ayacucho (Huamanga), no Perú visitou esta manhã o Santuário do Senhor Santo Cristo

Foto: Igreja Açores/D. Salvador Piñeiro

A caminho de Roma para as cerimónias que marcam a entronização do papa Leão XIV, no próximo dia 18, depois de um retiro de alguns dias na ilha de São Miguel, D. Salvador Piñeiro García-Calderón, arcebispo de Ayacucho (Huamanga), no Perú visitou esta manhã o Convento da Esperança, em Ponta Delgada, onde celebrou com o grupo que o acompanha e falou sobre o novo Sumo Pontífice.

“O Papa é um grande missionário: é um norte americano com coração peruano e isso faz dele uma pessoa muito simples mas muito fraterna e próxima” disse o arcebispo que em 12 de dezembro de 2014 foi um dos três ordenantes do recém nomeado  administrador apostólico de Chiclayo, o padre Robert Francisco Prevost, que havia sido nomeado pelo papa Francisco.

O agora Papa, na ocasião monsenhor Robert Francis Prevost, era “um velho conhecido e bom amigo” do presidente da Conferência Episcopal Peruana, D. Salvador Piñeiro. E nas vésperas da ordenação episcopal ligou-lhe a pedir que fosse um dos três ordenantes, juntamente com o bispo espanhol da diocese, que se retiraria, e do Núncio Apostólico, de origem norte americana, James Patrick Green.

“Foi tudo muito inesperado mas sabíamos que ele tinha o seu coração no Perú” refere o arcebispo, que conta a missão que o atual Papa Leão XIV desenvolveu durante 10 anos, depois de ter sido ordenado sacerdote, ainda antes de cumprir 12 anos em Roma como Geral dos Agostinianos.

“A missão está-lhe no coração” afirma D. Salvador Piñeiro.

“Quando foi nomeado Provincial no Perú e depois Geral, percebíamos que o trabalho estava a ser bem feito mas o que ele gostava era de estar junto dos pobres, no contacto próximo e fraterno com todos” afirmou o prelado peruano que esta manhã celebrou na Capela do Convento da Esperança com o grupo que orienta, num retiro feito em São Miguel com descendentes de peruanos e de açorianos, residentes em São Francisco na Califórnia.

Questionado sobre as características do novo papa, D. Salvador refere que “gosta muito de escutar e não opina rápida e imediatamente”.

“Foi vice-presidente da Conferência Episcopal do Perú e, como canonista, ajudou-nos muito a lidar com a questão dos abusos sexuais. Nós apreciamo-lo muito e estimamo-lo muito”, disse ainda.

“Quando o vi na janela, depois do anuncio do seu nome, comovi-me. Não, chorei mesmo por saber que tinha sido eleito. Só pode ter sido a influência do Espírito Santo”, disse.

E, prossegue os elogios: “é um papa americano que tem o coração peruano e isso faz dele um homem particularmente sensível aos problemas da paz e da pobreza”, acrescenta.

“Os Agostinianos no Perú têm muito esta vertente. Aliás, no tempo de Leão XIII, quando a ordem viveu tempos difíceis, o geral era peruano”, diz ainda.

“Vai ajudar-nos a construir a paz e o diálogo; não impressiona com grandes discursos mas está muito disponível para a escuta e com muita serenidade será capaz de dar sempre uma segunda oportunidade a quem erra”, conclui.

D. Salvador Piñeiro parte amanhã de São Miguel para Roma para participar nas celebrações no dia 18 e tem agendado um encontro com o Papa.

“Fui convidado pela nunciatura e seremos cinco bispos peruanos a tomar parte. Poderíamos ser mais, mas as distâncias não facilitam”, disse ainda confessando que quer muito dar-lhe um abraço.

O Papa Leão XIV foi eleito na passada quinta-feira Papa, escolhido pelos 133 eleitores do conclave.

Tem 69 anos e é natural de Chicago, nos EUA.

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