Por António Pedro Costa

Nos próximos dias, inicia-se um novo Conclave e a Igreja Católica encontra-se, mais uma vez, diante de um momento decisivo da sua história bi-milenar, ou seja, a escolha do sucessor de Pedro, o Vigário de Cristo na Terra.
Trata-se de um ato não meramente administrativo, mas profundamente espiritual, de consequências eternas, pelo que nesta hora solene, é imperioso que os Cardeais com capacidade de eleitores se entreguem, com temor à ação do Espírito Santo, renunciando a lógicas mundanas, ideologias humanas ou interesses de grupo.
A Cátedra de Pedro não é trono de poder humano, mas serviço humilde à Verdade revelada por Nosso Senhor Jesus Cristo. O Papa não é um político, nem um gestor de consensos, ele é, acima de tudo, o guardião da fé católica, a rocha visível da unidade da Igreja e o seu primeiro servidor. É por isso que os fiéis, com espírito filial, rezam fervorosamente para que o Colégio Cardinalício não ceda à tentação da mundanização que, infelizmente, penetrou em muitos sectores da Igreja e na descristianização da velha Europa.
Num tempo em que a confusão doutrinal prolifera e em que muitas vozes, inclusive dentro da Igreja, relativizam o depósito da fé em nome de uma pastoral aberta ou inclusiva, torna-se urgente que o novo Papa seja um homem de profunda fidelidade na defesa da verdade, zeloso das almas e inimigo declarado de qualquer forma de ambiguidade doutrinal.
O mundo precisa de um Papa que não procure agradar aos poderosos, nem adaptar a Igreja ao espírito do tempo, mas sim conduzi-la com firmeza segundo os desígnios eternos de Deus. Um Papa que saiba dizer “sim, sim; não, não”, como ensinou Jesus, e que compreenda que a caridade verdadeira nunca pode ser separada da verdade.
Esperamos que os Cardeais sejam dóceis às inspirações do Espírito Santo, que sopra onde quer, que os guiará neste Conclave, nunca em contradição com o que a Igreja sempre ensinou. Que saibam reconhecer no silêncio da oração o nome daquele que o Céu escolheu. Que não se deixem guiar por cálculos humanos, mas por aquela sabedoria que só brota da cruz de Cristo.
Os fiéis católicos esperam com esperança vigilante, mas também com preocupação realista que o próximo Papa seja capaz de unir, interpretar os sinais dos tempos com sabedoria e responder com equilíbrio aos desafios contemporâneos. O mundo espera um Papa que compreenda tanto as raízes doutrinais, como os anseios atuais da humanidade.
Ou seja, alguém com profundo compromisso evangélico, sensível às questões sociais, ecológicas e culturais, e com a capacidade de dialogar com todos: conservadores e progressistas, crentes e não crentes. Um moderador que promova a comunhão sem diluir a identidade da fé católica.
Que o novo Sucessor de Pedro seja, antes de mais, um pai espiritual, um defensor da fé, e não um gestor de consensos ou intérprete do mundo moderno.
Neste momento solene, elevamos o nosso olhar ao Alto e, confiantes, repetimos: Veni, Creator Spiritus!