
O padre Jardim Moreira, da Rede Europeia Anti-Pobreza/EAPN Portugal, disse que o Orçamento de Estado para 2026 “não coloca a pessoa no centro” e lamenta a distância entre as preocupações da população e as “políticas e partidos”.
“Penso que o orçamento ainda não olha, no meu entender, suficientemente para colocar a pessoa no centro de todas as suas preocupações políticas, sociais e económicas. Enquanto isso não acontecer, corremos o risco de ter políticas esvaziadas. Estamos com outras preocupações e a sociedade começa a sentir-se mal e a criar todo um descrédito sobre as políticas e membros partidários, porque não cuidam da população da qual são seus representantes”, lamentou, em declarações à Agência Ecclesia.
A proposta de lei Orçamento do Estado para 2026 foi aprovada a 27 de novembro no Parlamento, em votação final global com votos a favor dos dois partidos que apoiam o Governo, PSD e CDS-PP, a abstenção do PS e contra de Chega, IL, Livre, PCP, BE, PAN e JPP.
Estimativas do Instituto nacional de Estatística indicam que 2,1 milhões de pessoas estavam em risco de pobreza ou exclusão social, no ano de 2024, o que corresponde a uma taxa de 19,7%.
A EAPN é a maior rede europeia de redes nacionais, regionais e locais de organizações não-governamentais, bem como de organizações europeias ativas na luta contra a pobreza, tendo sido fundada em 1990, encontra-se representada em 31 países, incluindo Portugal.
O padre Jardim Moreira lamenta que a pessoa “seja secundária” e que o Orçamento privilegie “direitos económicos”.
O responsável pede que a ajuda económica do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) chegue “à população” que necessita para um “desenvolvimento equitativo e integral”.