Ricos em técnicas  e eficiência,  pobres em humanidade

Foto: Igreja Açores/GM

Por Carmo Rodeia

Este poderia ser o outro título (menos apelativo do que o original- “Inteligência artificial e sabedoria do coração- para uma comunicação plenamente humana”) da mensagem proposta pelo Papa Francisco para o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais da Igreja, que se assinala este domingo, em que a Igreja celebra a Ascensão do Senhor.

Em vésperas de Pentecostes, o Papa alerta-nos para o facto de “somente dotando-nos dum olhar espiritual, apenas recuperando uma sabedoria do coração, é que poderemos ler e interpretar a novidade do nosso tempo e descobrir o caminho para uma comunicação plenamente humana”, a propósito do tema central da mensagem A Inteligência artificial e a sabedoria do coração.

A mensagem é quase toda ela escrita num estado de alerta proposto pelo santo padre diante daquele que possa vir a ser o mau uso desta tecnologia que hoje é já utilizada em tantos campos da nossa vida- diria quase todos- sem que nos demos muito conta disso, mas que deve ser bem compreendida e bem regulamentada para que o seu uso não seja empregue na prática do mal, o que decifrado em matéria informativa seria a produção de notícias falsas, manipulação e até contra informação, todas elas, tantas vezes, difíceis de deslindar.

Como todas as técnicas, a integração da inteligência artificial (IA) no jornalismo traz consigo uma série de oportunidades e desafios. Desde logo o “Viés algorítmico”.

Os algoritmos da IA podem perpetuar e até amplificar preconceitos existentes na sociedade. Se os dados forem tendenciosos, o sistema aprenderá e replicará esses preconceitos no trabalho jornalístico, resultando numa cobertura parcial ou distorcida dos eventos.

Disseminação de desinformação: A IA pode ser usada para criar conteúdo falso de maneira convincente, o que pode ser aproveitado por indivíduos mal-intencionados para disseminar desinformação em massa. Isso pode minar a credibilidade do jornalismo e confundir o público.

Substituição de jornalistas humanos: Embora a automação possa aumentar a eficiência e reduzir custos, há o perigo de que a substituição de jornalistas humanos por sistemas automatizados comprometa a qualidade da reportagem. A sensibilidade humana e o discernimento podem ser difíceis de replicar por meio da IA.

Privacidade e vigilância: O uso generalizado de IA no jornalismo pode levantar preocupações sobre privacidade e vigilância. Por exemplo, algoritmos de análise de dados podem ser usados para rastrear e perfilar pessoas sem seu conhecimento ou consentimento, violando sua privacidade.

Manipulação de conteúdo: A IA pode ser usada para manipular conteúdo dos media como fotos e vídeos, de maneiras que são difíceis de detectar. Isso pode levar a uma maior disseminação de informações falsas e à criação de uma atmosfera de desconfiança em relação ao jornalismo tradicional.

Para mitigar esses perigos, é essencial que os jornalistas e as organizações dos media sejam transparentes sobre o uso de IA no seu trabalho, garantam a diversidade e a equidade nos conjuntos de dados de trabalho, e permaneçam vigilantes em relação ao potencial abuso da tecnologia. Além disso, é importante que haja regulamentações adequadas para orientar o desenvolvimento e o uso responsável da IA no jornalismo.

O que acabo de partilhar, a partir do quarto parágrafo, foi escrito pela ferramenta Chat GPT, quando coloquei no motor de busca da ferramenta a frase perigos da IA no jornalismo.

O que o Papa diz, e eu acompanho-o, não é muito diferente disto. Falta, de facto, a sensibilidade humana, isto é, dizer que qualquer peça jornalística que não seja feita por um jornalista humano perde a impressão do coração.

O algoritmo é inteligente mas não é humano. Uma das regras de ouro do jornalismo é a independência e o distanciamento diante dos factos. Mas, mesmo nesse posicionamento nunca podemos deixar de ser nós e as nossas circunstãncias. E são elas que farão sempre a diferença porque são aquelas que nos tornam únicos e irrepetíveis, dotados de uma alma, de uma razão e de um coração. O olhar humano nunca será dispensável para contar a realidade. Por isso, é tão importante que a Igreja perceba a relevância da comunicação e faça dela a sua grande oportunidade para comunicar esse olhar humano que Jesus nos ensinou. E já agora, que os jornalistas que O seguem possam fazer a diferença neste mundo.

Bom dia das Comunicações Sociais, livres e humanizadas.

 

 

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