Ritos do início do pontificado incluem entrega do anel do pescador e do pálio, com voto de “obediência” em nome da Igreja

 

Foto: Lusa/EPA

 

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, apresentou hoje os vários momentos que vão marcar a Missa de início do ministério petrino de Leão XVI, no próximo domingo, com a entrega do anel do pescador e do pálio papal.

Matteo Bruni adiantou aos jornalistas que a Praça de São Pedro vai estar aberta desde as 06h00 (hora local, menos uma em Lisboa) e que Leão XVI deve chegar, em papamóvel, pelas 09h00, uma hora antes do início da celebração eucarística, para saudar os participantes.

A Missa de início solene de pontificado, na qual o novo bispo de Roma recebe anel do pescador e o pálio, insígnias de autoridade, deve reunir centenas de milhares de pessoas na Praça de São Pedro e nos espaços circundantes.

Antes da Eucaristia, com início marcado para as 10h00 de Roma (09h00 de Lisboa), o novo Papa desloca-se ao interior da Basílica do Vaticano, ao som da antífona ‘Tu es Petrus’ (Tu és Pedro), acompanhado pelos patriarcas das Igrejas Católicas Orientais, para rezar junto ao túmulo de São Pedro.

Neste local estarão o pálio papal e o anel do pescador, que dali saem em procissão até ao altar exterior, na Praça de São Pedro, – onde estava o circo do imperador romano Nero, responsável pelo martírio do apóstolo, por volta do ano 64.

O percurso de saída da Basílica decorre ao som das ‘Laudes Regiae’ (louvor ao rei, em honra a Cristo), na qual se invocam vários santos, em particular os que foram Papas.

Os presentes rezam para que “Leão, romano pontífice, reúna todos os povos através da doutrina e da caridade”.

“Ó Deus, que no desígnio da tua sabedoria edificaste a tua Igreja sobre a rocha de Pedro, chefe do colégio apostólico, olha com benevolência para mim, teu servo: tu que me escolheste como sucessor de Pedro, fazei que eu torne visível ao teu povo o princípio e o fundamento da unidade na fé e da comunhão na caridade”, reza o próprio Papa.

A Missa do “início do ministério petrino do bispo de Roma” é concelebrada pelos cardeais e patriarcas orientais presentes no Vaticano.

O anel do pescador (anulus piscatoris) faz parte das insígnias oficiais do Papa, enquanto sucessor do apóstolo Pedro, pescador da Galileia.

O Departamento de Celebrações Líturgicas do Sumo Pontífice divulgou hoje imagens do pálio, “símbolo do bispo como bom pastor e, ao mesmo tempo, do Cordeiro crucificado para a salvação da humanidade”, que é usado pelos bispos de Roma desde o século IV.

Leão XIV optou por manter a insígnia litúrgica de honra e jurisdição usada por Francisco, igual à dos arcebispos metropolitas em todo o mundo – uma faixa de lã branca e seda negra, com seis cruzes -, e vai voltar a usar os três cravos, em três cruzes específicas, que evocam a crucifixão de Jesus.

Antes da homilia, o Papa recebe o pálio das mãos de um dos representantes dos cardeais da ordem dos diáconos.

Cada cardeal é inscrito numa ordem específica (episcopal, presbiteral ou diaconal), seguindo uma tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, quando os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.

Um dos cardeais da ordem dos presbíteros profere a oração pelo novo Papa e, em seguida, um representante dos cardeais da ordem dos bispos coloca o anel na mão direita do novo Papa.

Simbolicamente, o ato de “obediência” a Leão XIV vai contar com uma representação de cardeais, bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos.

A celebração, em latim, inclui a proclamação do Evangelho em grego – simbolizando a universalidade da Igreja – e orações em português, inglês, espanhol e árabe, entre outras línguas.

No Vaticano vão estar delegações de outras Igrejas cristãs e religiões, além de chefes de Estado e de Governo de vários países, incluindo Portugal, com lugar de destaque para os responsáveis da Itália, EUA (país natal do novo Papa) e Peru (onde Leão XIV foi missionário e bispo).

Em 2013, no início do pontificado de Francisco, esteve no Vaticano o patriarca ecuménico (Igreja Ortodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu, o que aconteceu pela primeira vez desde o cisma que separou católicos e ortodoxos em 1054.

Após a recitação da oração do ‘Regina Coeli’, na Praça de São Pedro, Leão XIV regressa ao interior da Basílica, onde cumprimenta as delegações presentes, que se vão dirigir até ele pelo corredor central do edifício – em 2013 houve mais de 130 representações oficiais.

O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos (Santa Sé), foi eleito como Papa, após pouco mais de 24 horas de Conclave, a 8 de maio, assumindo o nome de Leão XIV; o primeiro pontífice agostiniano foi prior geral da Ordem de Santo Agostinho, com sede em Roma, entre 2001 e 2013.

Matteo Bruni confirmou aos jornalistas que o novo Papa continua a viver no apartamento que usava como responsável da Cúria Romana, junto ao Vaticano, sem adiantar se estariam a decorrer obras de remodelação no apartamento pontifício do Palácio Apostólico ou na Casa de Santa Marta, onde residia Francisco.

(Com Ecclesia)

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