Sacerdotes nos Açores têm estatuto reconhecido

Afirma o Padre António Bravo da Diocese de Madrid.

Esteve três dias reunido na Assembleia Diocesana do Clero de Angra, que juntou cerca de meia centena de sacerdotes de diversas ilhas, para dar apoio e reflexão ao encontro.

 

Ontem, no encerramento da iniciativa, o Padre António Bravo, da Diocese de Madrid, explicou à “A União”, que encontrou na Igreja açoriana uma instituição “que tem muitas raízes católicas, um povo muito religioso e onde os sacerdotes têm um estatuto mais reconhecido pelo povo”, por comparação, adiantou, com os meios urbanos das grandes cidades, como a de Madrid. Aqui, à semelhança do que se passa nos restantes países da Europa, as populações “secundarizam” a Igreja. Fenómeno, que, contudo, não esconde que “está também chegando” às ilhas e aos meios pequenos de uma forma geral.

Porém, o Pe. António Bravo fala mesmo em “fortes reacções anti-religiosas” provenientes dos meios rurais.

“Este é um processo que parte do facto de a Igreja católica ter imposto muito a sua presença no meio rural”, explicou.

 

Igreja “criativa”

 

Entre as várias mensagens que o padre madrileno, 67 anos, natural de Huesca, comunidade autónoma de Aragon, deixou no encontro, realizado entre 27 e 29 de Abril, na Casa de Retiros de Santa Catarina, em Angra do Heroísmo, particular ênfase foi dado à necessidade de uma abordagem “criativa” por parte da Igreja para acompanhar a evolução civilizacional.

“Tem que haver uma fidelidade criativa para servir melhor o Senhor e o mundo”, explanou ao jornal “a União”.

Segundo advoga, é preciso “reassumir a tradição da Igreja, mas projectando-a para o futuro, para as novas gerações”.

“O nosso mundo está em constante evolução”, sendo por isso necessário, ressalvou, “entrar em diálogo de salvação com o mundo, com os outros”

Para tal, explicou, é preciso que cada pessoa vá “à sua identidade mais profunda”, referindo-se à identidade, para além da pessoal, incluindo igualmente a de âmbito comunitário, reforçando o alerta deixado pelo Papa Bento XVI.

“Vivemos num mundo globalizado, competitivo”, disse, sem fazer juízo de valor sobre se melhor ou pior, mas num mundo onde é preciso “reafirmar o princípio educativo da diferenciação – o da comunhão, o da igualdade na diversidade”.

Contrapor opiniões

 

Destes encontros, o sacerdote madrileno espera que surjam três dinâmicas: “que se fale mais do pensamento católico entre os sacerdotes; que se faça uma busca sobre a forma como deve ser transmitida a mensagem de Deus; e que sejam contrapostas as opiniões de uns e de outros”.

Isto porque, defende, “temos uma igreja em caminho, ela não é fechada”, daí a urgência da reflexão entre pares.

Quando lhe perguntamos como é que a mensagem católica pode ser melhorada junto das populações naquele que é o principal momento de reunião dos católicos, a Missa, o P.e António Bravo fala nas três dimensões que uma Eucaristia deve ter – a espiritual, “mais profunda”, a dimensão de serviço ao mundo, à comunidade “sobretudo junto das pessoas idosas e das desfavorecidas”; e a dimensão da “oferta da boa-nova”, da mensagem da celebração dos princípios católicos.

 

Assembleia Diocesana

Entre os temas que estiveram em análise na Assembleia Diocesana do Clero de Angra figuraram a Espiritualidade Sacerdotal, a Fidelidade de Cristo e Fidelidade do Sacerdote, e a Acção pastoral dos presbíteros diocesanos na actualidade.

Recordamos que, segundo o responsável pelo Serviço Diocesano de Apoio à Comunicação Social, Padre Ricardo Henriques, a decisão da realização desta assembleia diocesana de clero foi tomada no último Conselho Presbiteral de 2009 – em vez do habitual Conselho Presbiteral – atendendo ao facto de 2010 assinalar o Ano Sacerdotal até 11 de Junho.

Humberta Augusto

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