“Sempre quis ser um padre da aldeia”

Pe. João de Brito é o entrevistado do IA

Foi condecorado no passado dia 10 de junho pela Região, com a insígnia autonómica de mérito cívico pelo trabalho desenvolvido ao longo de 50 anos de sacerdócio, que se completam este ano, mas também pelo trabalho de investigação, que já permitiu o resgate de muitos temas do folclore açoriano, causa a que o Pe. João de Brito Meneses, 74 anos, se tem dedicado.

Numa entrevista ao Igreja Açores o sacerdote, pároco em Santa Barbara e cónego do Capítulo da Sé de Angra, natural das Doze Ribeiras, tem sido incansável no estudo da Etnografia, em especial do folclore, dos Açores.

“Desde bastante novo, sobretudo a partir de 63, quando ainda era seminarista, pensei que deveria ajudar a minha terra. Sempre pensei que deveria ser um padre da aldeia, mas andei duas décadas a trabalhar  nas cidades- Angra e Ponta Delgada – mas finalmente regressei a casa e pude contribuir para a preservação do nosso património”, reconhece numa entrevista ao Igreja Açores, onde fala das dificuldades da vida de um presbítero; da necessidade de se envolver os jovens num compromisso mais sério e das festas de verão na diocese.

“Considero, pessoalmente, que a parte estritamente religiosa está mais arrefecida, mas não podemos dizer que não haja um sentido religioso, atendendo a que as pessoas não atendem apenas ao concreto de cada dia mas, nas festas, há algo que transcende e as pessoas procuram ser muito criativas para louvar o divino”, refere.

“Há sempre um espírito criativo; são valores que vêm ao de cima e que se põem ao serviço dos outros. Isto também é uma resposta religiosa, em sentido mais lato”, esclarece.

Lamenta que nestas festas se interpele poucas vezes os grupos folclóricos e que isso esteja a contribuir para a perda de importância do folclore.

“Até 1981 a noite do folclore nas Sanjoaninas, por exemplo, era a mais importante. As marchas são uma criação recente” adianta o presbítero, responsável pelo resgate de muitas modas do folclore que se perderam na tradição oral mas que graças a alguns arquivos escritos puderam ser recuperadas.

“Neste momento os grupos não estão a ser muito solicitados, e é pena. Ensaiamos, cultivamos a música, mas faltam convites para a atuações. Neste momento, julgo que podemos dizer assim os grupos não estão na moda”, afirma.

A entrevista pode ser ouvida na íntegra aqui.

 

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