Sínodo da Família será oportunidade de «atualização» pastoral

D. José Saraiva Martins antecipa reunião geral dos bispos marcada para outubro em Roma.

O cardeal português D. José Saraiva Martins acredita que o Sínodo dos Bispos dedicado à Família, marcado para outubro, vai ter uma relevância decisiva para a “atualização” da relação entre Igreja Católica e sociedade.

 

Numa entrevista concedida à Agência ECCLESIA, o responsável salienta que, sempre “na fidelidade ao magistério”, a Igreja tem de saber “falar ao Homem de hoje com a linguagem de hoje” e “viver a fé cristã no tempo” em que se encontra.

 

“E isto torna necessário uma contínua revisão de certas normas”, admite o cardeal.

 

Entre 5 e 19 de outubro, os bispos de todo o mundo vão ser chamados a analisar no Vaticano “os desafios pastorais sobre a Família no contexto da evangelização”.

 

Em 2015 terá lugar uma segunda assembleia, em que o principal objetivo será identificar “linhas de ação para a pastoral da pessoa humana e da família”.

 

O documento preparatório do Sínodo, publicado pela Santa Sé, deixou antever que em cima da mesa vão estar temas como a crise económica e de natalidade, as dificuldades no matrimónio, a violência doméstica e a educação dos filhos.

 

“Fala-se muito do problema dos jovens mas ele deriva do problema das famílias”, frisa o prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos.

 

No caso dos mais novos, acrescenta o prelado, o desinteresse, a rebeldia ou o desequilíbrio que muitos revelam é fruto de não terem recebido “uma formação autenticamente humana no seio das suas famílias”.

 

“Ou porque os pais estão separados ou porque estão divorciados, a juventude de hoje não tem aqueles princípios fundamentais, não digo já cristãos mas humanos”, realça D. José Saraiva Martins.

 

Em foco a partir de outubro estará também a forma como a Igreja olha para problemáticas como a situação dos divorciados ou recasados.

 

Para o cardeal português é possível que surjam alterações no modo como a Igreja Católica aborda estas situações, porque “tudo o que não é dogma de fé pode mudar, porque a sociedade muda, a linguagem dos homens muda, o modo de conceber as coisas muda”.

 

Mas de um modo geral, só o facto da Santa Sé apostar em debater “em profundidade” estas matérias, é “muito importante” e “uma oportunidade única para dar solução” a vários problemas, conclui

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