Vale a fixação no «para quê»

Por Renato Moura

Finalmente está nomeado o Bispo para a nossa Diocese. D. Armando Esteves Rodrigues vem com uma experiência de 40 anos de sacerdócio e de 4 como bispo. Muito se rezou para que a nomeação ocorresse e quantos o fizeram com sãos sentimentos, estarão certamente alegres e com esperança.

Com a sua chegada à Diocese, já no ano novo, será o início de um novo percurso com naturais expectativas favoráveis para os católicos de todas as ilhas.

Da entrevista dada ao «Igreja Açores» creio encontrarem-se sinais positivos. Quando D. Armando afirma sentir que nunca está preparado, significará ter a humildade de não saber tudo. E daí a disponibilidade que se retira quando disse que ama a proximidade, a vivência com as pessoas, o desejo de perceber os outros. Essencial a sua compreensão de que se a Igreja se fechasse e ignorasse o mundo, deixaria de ser importante.

A preferência e o respeito manifestado como opção pelos mais frágeis, os mais sofredores e mais pequeninos, certamente esteve na base do seu empenho e percurso de resposta à pobreza, com a riqueza da experiência adquirida que traz para uma Região onde muito há a fazer e nem tudo quanto se faz é o melhor.

Percebeu-se a ligação estreita com o Papa Francisco, sendo importante o pensamento dele recolhido, nomeadamente sobre a religiosidade popular, que singra e é importante porque são os leigos que estão à frente. É uma convicção com a qual não posso estar mais de acordo e aqui já manifestei sobre a religiosidade ao Espírito Santo. A religiosidade popular é uma das mais fortes potencialidades a aproveitar por quem vem para os Açores.

É relevante que o futuro bispo – que antes o foi no Porto – nunca tenha desejado sê-lo e agora venha para os Açores sem expectativas pessoais. Acredita que o único salvador é Jesus Cristo. Revelou-nos que durante a preparação para a ordenação como bispo, se intrigava perguntando: “por quê?”; e que então foi aconselhado a fixar-se no “para quê”. É seguramente essa busca do caminho para a missão que aqui o traz.

Vem com naturalidade, com a sua própria forma de ser e estar, com a força de Deus e saberá ler os sinais do Espírito Santo. Acreditando nos jovens e nos sinais de rejuvenescimento. Vem certamente com inteira disponibilidade para ouvir e ver. Para ponderar livre do peso de tradicionais hierarquias, de hábitos anquilosados. Tranquilizou-nos partilhando que viria sereno. Só poderá estar e discernir se com inteira liberdade.

Caminhará junto com os apoiantes e os críticos e construirá fixado no “para quê”.

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