“Venho como peregrino, como filho da terra mas como alguém que vem à procura de alguma coisa de muito intima”, diz D. José Bettencourt

Núncio Apostólico da Santa Sé preside às festas do Senhor Santo Cristo

D. José Bettencourt, diplomata de carreira e núncio da Santa Sé na Arménia e na Geórgia, o primeiro país do leste europeu a abraçar o cristianismo, afirma que é como peregrino que se desloca aos Açores nestes dias, e que se sente honrado pelo convite feito no ano passado para presidir às festas do Senhor no ano em que o Santuário vive o seu jubileu do 60º aniversário.

“Venho como peregrino, como filho da terra mas como alguém que vem à procura de alguma coisa de muito intima “afirma o prelado que não esconde as suas raízes açorianas.

“Há um detalhe pessoal: quando os meus pais e toda a família partiram para o Canadá, há 54 anos, fizemo-lo a seguir a uma festa do Senhor Santo Cristo e, nesta coincidência, também há algo que me toca pois desde esse tempo nunca mais tinha vindo às festas propriamente ditas. Sempre que vim aos Açores rezei no Santuário mas nunca mais tinha vindo nesta altura”, refere o arcebispo numa entrevista ao programa de rádio  Igreja Açores que vai para o ar este domingo, dia do Senhor, a partir do meio dia, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

“Portanto, também eu, de certa forma, faço o percurso dos emigrantes que tanto gostam desta festa”, refere ainda lembrando que toda a família está muito implicada nas tradições e na herança cultural e religiosa dos Açores.

“Sinto-me açoriano em todo o sentido; aqui estou em casa. Quando celebrei na sexta feira senti-me particularmente emocionado pois a dada altura as músicas que ouvia na missa faziam-me recordar a minha infância” acrescentou e “isso estava a tocar-me por dentro por isso não posso senão ser peregrino nesta festa”, frisou.

D.José Avelino Bettencourt é jorgense de nascimento; partiu com 3 anos para o Canadá e aí fez toda a sua formação académica. Depois partiu para Roma para ser diplomata da Santa Sé mas acabou por ficar no Vaticano onde trabalhou na Secretaria de Estado da Santa Sé, sendo responsável pelo protocolo.

Nesta entrevista recorda que o convite para trabalhar na Secretaria de Estado, na Curia, não o deixou particularmente entusiasmado mas como sempre a resposta foi trabalhar onde era preciso.

“Tenho sempre presente que onde nós estamos encontramos o que procuramos”, sublinha.

Fala também de como foi trabalhar diretamente com três papas, a forma como encara o seu ministério atual e como é desafiador trabalhar num país onde os católicos não a maioria dominante.

A entrevista ao Igreja Açores vai para o ar este domingo depois do meio dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

O sacerdote frequentou a Academia Eclesiástica em Roma, tendo-se formado em Direito Canónico, e entrou no serviço diplomático da Santa Sé em 1999.

 

Depois de ter trabalhado na representação diplomática da Santa Sé na República Democrática do Congo, D. José Bettencourt passou à secção para as relações com os Estados, do Vaticano.

 

Em 2013, D. José Bettencourt foi condecorado pelo presidente Aníbal Cavaco Silva com a Comenda da Ordem Militar de Cristo; é cónego honorário da Sé de Angra (Açores) desde março de 2015.

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