Fim de semana “gordo” nos Açores com tolerância de ponto nas ilhas do triângulo

Domingo de Pentecostes é um dos mais importantes no arquipélago com impérios e bodos em todas as ilhas

O Presidente do Governo dos Açores concedeu tolerância de ponto aos trabalhadores da Administração Pública Regional, cujos serviços estejam sediados nas ilhas de São Jorge, Pico e Faial, no dia 17 de maio, terça-feira do Espírito Santo.

O despacho de Vasco Cordeiro refere que a “celebração do Espírito Santo se reveste de profundo significado para o Povo Açoriano, sendo o seu culto celebrado em toda a Região”.

Segundo o mesmo despacho, “tradicionalmente, as festividades que lhe são dedicadas nas ilhas Faial, Pico e São Jorge prolongam-se para além da segunda-feira do Espírito Santo, que este ano ocorre no dia 16 de maio, Dia da Região Autónoma dos Açores”, no ano em que se assinalam 40 anos de autonomia político administrativa.

O fim de semana de Pentecostes, que nestas ilhas se prolonga até terça feira, é um dos mais longos e importantes do calendário das festas populares nestas ilhas do triângulo, especialmente na ilha do Pico.

Entre hoje e o domingo da Trindade, daqui a uma semana, celebram-se mais de 4 dezenas de impérios, nas 19 paróquias da ilha montanha. Durante mais de uma semana, a ilha do Pico, nos Açores, vai estar “rendida” ao Divino Espírito Santo.

A Festa do “Sábado do Espírito Santo”, como é conhecido, que hoje se vive na Silveira do Pico, é a única festividade de Pentecostes nos Açores, a acontecer num sábado e remonta a 1720, altura em que a população fez um voto, na sequência de uma erupção vulcânica que formou o atual Mistério da Silveira.

Juntamente com o Faial, São Jorge e Terceira, o Pico é uma das ilhas do Grupo Central  do arquipélago dos Açores, onde as Festas do Divino Espírito Santo são vividas de uma forma mais intensa. Aliás, embora o culto ao Divino Espirito Santo seja uma “marca identitária da açoreanidade”, a verdade é que é no Grupo Central que elas conservam uma vivência mais comunitária.

As 45 irmandades da ilha montanha que trazem à rua o Divino Espírito Santo, vão realizar as suas coroações, procissões e convívios, tendo sempre como mote a partilha.

Nas festividades deste ano serão oferecidas mais de 20.000 refeições, 15 mil só este fim de semana, num a quantidade equivalente a 10 toneladas de carne e mais de 20 mil pães.

Os cortejos processionais e os arraiais são abrilhantados pelas 13 filarmónicas da ilha e ainda pelos grupos de foliões.

Nestas 45 festas além das tradicionais sopas do Espírito Santo serão servidas carne cozida e assada, massa sovada e arroz doce.

Em cada arraial são distribuídas as rosquilhas, vésperas ou pão a todos aqueles que passam pela freguesia.

De referir que as rosquilhas- “reliques”-  e o pão são ofertados nos impérios do lado sul da ilha (desde a Madalena até à Calheta de Nesquim) e os bolos de véspera nos impérios do norte da ilha (desde as Bandeiras à Calheta de Nesquim). A Paróquia da Calheta de Nesquim é a única que oferece rosquilhas e bolos de vésperas.

O maior império da ilha (e provavelmente dos Açores) é o da Terça-feira do Espirito Santo na Vila da Madalena, em que são distribuídas cerca de 10 mil rosquilhas, muitas delas partilhadas com forasteiros que acorrem à ilha montanha provenientes do Faial e de São Jorge.

Além destas 45 irmandades, que realizam as suas festas nestes dias, há outras seis que promovem a sua festividade noutras alturas do ano, com coroações, sopas e distribuição de rosquilhas.

“Estas são as festas do povo que se exprimem na alegria do convívio, na interajuda comunitária, na vivência da irmandade e na abundância dos bens materiais que, partilhados, chegam para todos” sublinha  o Pe Marco Martinho numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar amanhã na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra ao meio dia.

O sacerdote destaca, ainda, a questão da “igualdade em que não há distinção de classes nem de pessoas, pois todos são irmãos e aquele que se torna imperador é-o para servir os demais”.

É, nestas festas, “que encontramos o verdadeiro sentido do cristianismo”, acentua o sacerdote.

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