O respeito pelas chamadas ilhas pequenas

Por Renato Moura

Esta semana deslocou-se à ilha das Flores o escritor José Andrade, para apresentação pública da trilogia “Anos Decisivos”, que é uma revisitação da “vida política do arquipélago dos Açores, desde a revolução nacional de 25 de Abril de 1974 até à posse do primeiro governo regional a 8 de Setembro de 1976, nos relatos da imprensa diária dos distritos autónomos de Ponta Delgada (Diário dos Açores, Correio dos Açores e Açores), Angra do Heroísmo (A União e Diário Insular) e Horta (O Telégrafo e Correio da Horta)”.

A trilogia é composta por “1974 Democracia… O 25 de Abril nos Açores” (volume I – 2014), “1975 Independência? O ‘verão quente’ nos Açores” (volume II – 1975) e “1976 Autonomia! O governo próprio dos Açores” (volume III – 2016).

O projecto editorial visou comemorar o 40.º aniversário da autonomia dos Açores e o escritor quis que, para além de sessões de lançamento do último livro em Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada, a trilogia tivesse apresentação pública em todas as ilhas, neste ano evocativo. No caso das Flores acertou a integração no programa sociocultural da festa “Cais das Poças”, promovida pelo Município de Santa Cruz das Flores, em sessão a ser presidida pelo Presidente da Câmara e na qual seriam oradores “para um testemunho evocativo da sua participação na Primeira Legislatura do Parlamento dos Açores” os primeiros deputados eleitos pelas Flores, do PPD e PS.

Raramente acontece que em iniciativas desta natureza os escritores tenham a delicadeza de se deslocarem às chamadas “ilhas pequenas”.

Quando o fazem deveria constituir uma honra para os habitantes, que a deveriam agradecer, pelo menos, com uma presença suficientemente significativa, capaz de dignificar não apenas a sessão, mas principalmente a própria ilha.

Neste caso a trilogia está recheada de um reportório de factos históricos, que são essenciais para a cultura social e política, desconhecidos de muitos cidadãos e até de muitos dos actuais políticos.

A vice-presidente presidiu à sessão conferindo-lhe – pelas palavras e atitude – dignidade, mas considero todavia inexplicável que o Presidente da Câmara de Santa Cruz se tenha eximido de participar, como também não é plausível a ausência dos dois deputados eleitos pelo PS. Se queremos respeito pelas “ilhas pequenas” sejamos respeitadores; especialmente os eleitos para representar o povo.

Como então partilhei “quem acredita que a história é a mestra da vida, quer conhecer e interpretar o passado, com vista a melhorar o presente e a construir o futuro”.

Scroll to Top