Bispo de Angra diz que o único rito que Jesus quer “é o amor” que impele a “sujar as mãos” e a “lavar os pés” dos irmãos

Depois de falar de esperança na cadeia de Angra, D. Armando Esteves Domingues sublinhou o valor do amor expresso no serviço e na Eucaristia

Foto: Igreja Açores/CR

“Eucaristia sem caridade, sem vontade de dar a vida por amor, não tem sentido!” afirmou esta noite o bispo de Angra na Missa da Ceia do Senhor, celebrada na Sé, onde convidou os diocesanos a aprenderem com os gestos de Jesus.

Depois de ter estado na Cadeia de Angra a celebrar, tendo lavado os pés a 12 reclusas a quem falou de esperança e de amizade, D. Armando Esteves Domingues sublinhou a importância da caridade e do serviço por detrás do gesto do lava-pés.

“É Amor o mandamento novo, que Jesus revelou, lavando os pés” disse o prelado alertando para as consequências deste testamento espiritual que Jesus deixou na Última Ceia.

“Muitas vezes paramos na primeira parte ritual e celebrativa, esquecendo a conjunção mais estritamente dedutiva do portanto, `fazei também vós…´ que devemos declinar na história sujando as mãos e tomando posição, comprometendo-nos com a linguagem `suja´ do mundo para lavar os pés dos nossos irmãos e irmãs que, connosco e juntamente connosco, caminham para a pátria celeste atravessando o chão comum da história”, afirmou o prelado que, na Catedral, lavou os pés a 11 crianças e adolescentes da catequese e a um Irmão da Confraria do Santíssimo da Sé.

“O amor é o único rito querido por Jesus”, referiu recordando que este gesto repete-se sempre que Jesus “perdoa” e nos convida a comungar o seu corpo e o seu sangue.

“Chega-se e sai-se da Eucaristia para amar” enfatizou D. Armando Esteves Domingues ao salientar que também nesta noite, tal como fez com os apóstolos, “Jesus quer tornar-se um connosco, a ponto de desaparecer e de se tornar o nosso alimento”.

“Eucaristia e caridade divina habitam juntas nos nossos corações e fazem de nós aquilo de que nos alimentamos, que é precisamente de Jesus Ressuscitado”, disse ainda.

Por isso, acrescentou: “Esta é a noite em que somos chamados a vencer, no nosso coração, a mesma resistência manifestada por Simão Pedro. Essa sua maneira de se esconder atrás de uma falsa religiosidade que, sob o pretexto de colocar Deus no alto, acima dos assuntos deste mundo, não o deixa trabalhar no concreto da sua própria vida, nos seus pés, na parte do corpo humano que nos mantém plantados na terra”.

Por fim, interpelou os diocesanos: “Será o nosso amor suficientemente forte para estarmos também nós prontos a dar a vida uns pelos outros como fez o mestre?”

“Caros irmãos e irmãs, façamos experiência desta Sua presença, aqui, connosco. Tentemos reviver essa Última Ceia vivendo esta, onde se renova esperança na força do amor. Os seus gestos repetem-se”, concluiu.

 

Com a Missa vespertina da Ceia do Senhor teve início o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. No final da Missa o Santíssimo Sacramento foi trasladado para um outro local,  a capela de Santo Estevão, onde permanece durante a noite e desnudou-se o altar.

Esta Sexta-feira da Semana Santa, o programa da Sé prossegue com Oficio de Leitura e Laudes, às 10h00 e, às 15h00, a celebração da Paixão.

Neste dia não se celebra Missa, tendo lugar apenas e tão só a celebração da morte do Senhor com a adoração da cruz. O jejum e o silêncio marcam este dia que, nos Açores é particularmente celebrado também com a realização de procissões com o Senhor morto.

Às 19h00, haverá Via-sacra seguida da procissão do Senhor Morto.

O Sábado Santo é dia alitúrgico: a Igreja debruça-se, no silêncio e na meditação, sobre o sepulcro do Senhor e a única celebração primitiva parece ter sido o jejum.

A Vigília Pascal é a “mãe de todas as celebrações” da Igreja, evocando a Ressurreição de Cristo. Começa às 21h00 de sábado e tem transmissão na RTP Açores, a partir da Sé de Angra.

Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a bênção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a série de leituras sobre a História da Salvação; a renovação das promessas do Batismo, por fim, a liturgia Eucarística.

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