No segundo domingo da Páscoa dois dos filhos foram batizados em São Carlos, na ilha Terceira

Maryam tem 39 anos e Heydari, 40. Nasceram e cresceram no Irão e foram educados segundo a lei islâmica, mas na universidade Maryam conheceu um cristão e começou a interessar-se pela religião. Convertidos, ela e o marido frequentavam igrejas domésticas, improvisadas e até quase clandestinas com medo de serem condenados. Quando tiveram os dois primeiros filhos decidiram sair do país com medo de enfrentaram a pena de morte por terem mudado de religião. Fugiram para a Bielorrússia e aí receberam o batismo, os quatro. Mas o processo de legalização no país não foi fácil e com medo de uma deportação decidiram procurar outro lugar para viver e educar os filhos, em liberdade religiosa.
O novo destino seria Portugal, mais concretamente Lisboa, mas as dificuldades com a língua não facilitaram a adaptação recorda Heydari, o pai. Conheceram então dois açorianos, um deles o professor universitário Tomaz Dentinho, que lhes proporcionou uma mudança para os Açores, onde residem há dois anos e meio. A língua continua a ser uma barreira mas como é tudo mais pequeno e próximo “vai-se ultrapassando”, até com a ajuda das novas tecnologias.
Ao Igreja Açores, o casal e os filhos dizem gostar muito de viver na Terceira. A trabalhar numa oficina de automóveis, Heydari garante que não quer sair do arquipélago.
No passado domingo, o segundo da Páscoa batizou os dois filhos mais novos Amirali e Amireza, a menina da família que até diz que quer tornar-se religiosa. Frequenta com os irmãos o Colégio de Santa Clara, em Angra do Heroísmo e já falam todos bem português, sobretudo as crianças mais velhas e também isso tem facilitado a integração. Os rapazes mais velhos estão, de resto, integrados em várias atividades desportivas no Lusitânia e um deles até quer ser jogador de futebol profissional. Questionado porquê, responde: “dizem que tenho jeito”. Os pais confirmam e agradecem ao clube por ajudar nos papeis necessários para renovar o visto de residência.
Habitualmente frequentam as igrejas de São Bento (paróquia onde são residentes) e de Santa Luzia, de Angra. Mas foi em São Carlos, na paróquia do padrinho Tomaz Dentinho, que decidiram batizar os dois elementos da família que ainda não tinham recebido este sacramento.
Tomaz dentinho
Padre Igor