A opinião é do teólogo Moralista Padre José Júlio Rocha

O padre José Júlio Rocha, teólogo moralista e professor de Doutrina Social da Igreja, considera que o novo Papa será “um seguidor da linha social” do Papa Francisco.
“Não vamos ter outro Papa Francisco; parece-me que é mais comedido e tímido mas teremos alguém da sua linha social que valorizará o trabalho e o diálogo” afirma o sacerdote que neste momento é o Vigário para o Clero da Diocese de Angra.
“O nome compromete-o com as questões sociais e com a paz” acrescenta, associando a escolha à memória de Leão XIII, o Papa da Encíclia Rerum Novarum que constituiu o edifício da Doutrina Social da Igreja.
“A sua experiência missionária no Perú dá-lhe argumentos para ser um defensor da causa dos pobres, dos trabalhadores, dos migrantes em profundo contraste com o país de onde é natural” refere ainda sublinhando já uma dissonância “política” entre este Papa e a atual administração norte-americana.
“A igreja na América Latina é uma igreja dinâmica, comprometida com o povo” enfatiza destacando, por outro lado, a questão da paz.
“A paz é uma das grandes necessidades do mundo neste momento e quando saúda o mundo pela primeira vez a primeira palavra que diz é paz, uma paz desarmada e desarmante, ou seja a não violência ativa, a paz que vem de Cristo e que agora quer também que se estenda a todos os povos e nações” acrescentou o padre José Júlio Rocha.
O sacerdote sublinha ainda a esperança de que este pontificado possa continuar a lógica de uma Igreja profética, missionária e incarnada na vida do povo.
“Esperamos que seja um Papa sistematizador das grandes ideias do papado anterior; que continue a ideia de uma igreja missionária e espero que ele não se esqueça dos sapatos do papa Francisco”.
O diretor da Comissão Diocesana Justiça e Paz, Francisco Maduro Dias, valoriza a escolha do nome.
“Este para mim é o sinal mais evidente deste próximo pontificado: uma atenção especialíssima à Doutrina Social da Igreja, muito esquecida no mundo e mesmo entre os católicos, num tempo em que temos ideias estranhas de sociedade e de comunidade” refere.
“Mais do que outra coisa o ser humano tem que ser respeitado e hoje o que vemos, com este capitalismo selvagem seja nas economias de estado, ou numa economia preocupada com a natureza, é o esmagamento do humano que é visto apenas como um instrumento ao serviço de outra coisa que não a dignidade” explicita Maduro Dias que confessa ter ficado em silêncio mal soube que tinha sido eleito o papa e que o cardeal aleito tinha escolhido o nome de Leão XIV.
Já sobre a questão da paz, também “valorizada” lembra que isso implica a conversão de cada um.
“A paz desarmada de que ele nos falou ontem, não é fácil de alcançar porque implica entrega e sacrificio e essa é uma palavra que ninguém quer ouvir e muito menos praticar” refere o diretor da Comissão Diocesana Justiça e Paz.
Finalmente, considera que este será um Papa “da consolidação”.
“Seguir adiante com uma velocidade diferente não é parar é apenas consolidar e nós hoje precisamos que os processos iniciados pelo Papa Francisco, como o da sinodalidade, sejam consolidados”, refere.
“È preciso consolidar para dar um novo passo. Temos de ir com calma”, enfatiza ainda destacando, a questão das migrações, já que o Papa é filho de migrantes e ele póprio adquiriu uma segunda nacionalidade.
“É importante que se perceba uma coisa: é dificil criar paz quando eu luto apenas pelos meus direitos sem atender aos direitos dos outros que estão ao meu lado; enquanto o outro não for o meu irmão a quem reconheço a mesma dignidade e os mesmos diretos não conseguiremos alcançar a paz”, concluiu o diretor da Comissão Diocesana Justiça e Paz, Francisco maduro Dias.
O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, 69 anos, foi eleito Papa na quinta-feira, ao fim de dois dias de conclave, e assumiu o nome de Leão XIV.
Nascido em Chicago, Estados Unidos, tem ascendência espanhola e nacionalidade peruana, e pertence à Ordem de Santo Agostinho. Era até agora prefeito do Dicastério para os Bispos.
Leão XIV sucede ao Papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos.